Ahrens,
Heinrich (1805-1874)
Autor
alemão. Estuda e ensina em Gotinga.
Na sua dissertação de 1830, De
confederatione germanica, já defende a aplicação do sistema
representativo à Alemanha, assumindo-se como liberal.Exilando-se, instala-se, primeiro, em
Paris, onde dá um curso livre, e, depois, em Bruxelas, aqui de 1839 a
1850, na Universidade Livre.
Finalmente, ensina em Graz (1850-1860) e em
Leipzig (de 1860 a 1874).
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Organicismo
Considera que o Estado,
embora se componha de elementos naturais, deve, no seu todo, ser concebido
como organismo espiritualmente livre, que se conforma às leis da
continuidade e da coesão de todas as suas parcelas. Era, conforme as
palavras de Moncada, o ideal político de um
“Estado corporativo”, mais
federal do que unitário e mais orgânico do que individualista.
Unidade,
variedade, harmonia
Com efeito, como assinala Álvaro Ribeiro, Ahrens obedece à tríade unidade,
variedade, harmonia, defendendo o chamado panenteísmo
ou realismo harmónico, onde, ao
contrário do panteísmo, que confundia Deus com o mundo, se advoga a
existência de um ser que é ao mesmo tempo, imanente e transcendente, uma
espécie de Deus que apenas não está separado do mundo.
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Krausismo
Cabe-lhe vulgarizar o krausismo, principalmente através das
sucessivas edições do seu Cours de
Droit Naturel, ou Philosophie du Droit, primeiramente editado em Paris no ano de 1838.
O
krausismo influencia particularmente o movimento das ideias na Península
Ibérica, tranformando-se numa ideologia racionalista e liberal
simplificada. É o quanto baste de
idealismo que, pelo seu encanto e simplicidade, impediu a recepção
directa das especulações de Kant e de Hegel. Em Espanha destaca-se
o magistério de Julian Sanz de Rio (1814-1869), bem como de Francisco
Giner de los Rios (1840-1915), Gumersindo De Azcárate (1840-1917)
e de Joaquín Costa (1846-1911).
E não é por acaso que o krausismo tem como foco irradiador a
Universidade Livre de Bruxelas, expandindo-se particularmente em países
católicos como a Polónia, a Espanha e Portugal. Graças à doutrina em
causa, os universitários conformados pela nebulosa maç ónica, podem
misturar a base tradicional do fundo escolástico com a modernidade
liberal, sem a ruptura jacobina ou a invocação do estrangeirismo
utilitarista, garantindo uma temperatura espiritualista que também
resistiu a algumas investidas positivistas. |
Conciliação
com o liberalismo
Acontece também que Ahrens e o seu sucessor, Tiberghien, conciliam
este Estado-Organismo
com as ideias liberais moderadas, então, dominantes, acentuando
particularmente a defesa da descentralização e da autonomia das diversas
instituições sociais, contra as perspectivas centralizadoras e monistas
do radicalismo jacobino, tudo em nome da eminente
dignidade da pessoa humana.
Federalismo
Assume
assim uma perspectiva federalista que adere ao sonho da república
universal, segundo o estilo da fraternidade maç ónica.
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[1838]
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Cours
de Droit Naturel ou de Philosophie du Droit, fait d’après l’état
actuel de cette science en Allemagne
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Paris,
1838.
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[1850]
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Organisch
Staatslehre auf Philosopisch- Antropologischer Grundlage
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Viena,
1850. Teoria Orgânica do Estado Fundada na Filosofia e na Antropologia
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[1858]
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Juristische
Encyclopaedia
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A
partir de 1858. Enciclopédia di Direito e da Ciência Política,
Fundada na Filosofia Moral.
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