Respublica Repertório Português de Ciência Política Edição electrónica 2004 |
1912
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ag. Set. Out. Nov. Dez.
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Manifestação dos católicos Manifestação de protesto contra o governo junto ao Patriarcado de Lisboa (S. Vicente de Fora).
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Desterro de bispos Desterro dos bispos de Coimbra e Viseu.
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Manifestação anticlerical Manifestação anticlerical em Lisboa promovida pela Associação do Registo Civil com bandeiras onde podia ler-se Sem Deus nem Religião. Uma delgação dos manifestantes, dirigida por Magalhães Lima, é recebida por Augusto de Vasconcelos: o Papa de Roma é apenas o chefe do sindicato católico universal e não pode ser considerado como um soberano.
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Bernardino nomeado para ministro no Rio de Janeiro Bernardino Machado é nomeado ministro de Portugal no Rio de Janeiro.
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Demissão de Freitas Ribeiro Nota oficiosa do governo revela conflito entre o ministro das colónias Freitas Ribeiro e os restantes membros do gabinete a propósito da questão da Companhia de Ambaca. Ministro queria liquidar dívidas da companhia ao Estado. Freitas Ribeiro abandona o governo, sendo substituído pelo tenente-coronel Cerveira de Albuquerque. O caso for a levantado no parlamento pelos almeidistas.
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Bernardino Machado na Sociedade de Geografia de Lisboa Bernardino Machado toma posse do cargo de presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa. Apenas parte para o Rio de Janeiro em Junho, chegando ao Rio no dia 11 de Julho.
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Greves De 28 a 30 de Janeiro, greves em Lisboa de solidariedade com as greves de rurais no Alentejo, promovidas pela União dos Sindicatos Operários que propõe uma greve geral. Era a primeira em regime republicanos.
Em Évora a GNR ataca o sindicato e em Lisboa é assaltada a casa sindical por forças policiais. Eléctricos de Lisboa que furam a greve são atacados à bomba no dia 29.
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Estado de sítio de 30 de Janeiro a 12 de Fevereiro Declarado o estado de sítio na capital. Dura até 12 de Fevereiro. Estabelecido também o regime de censura à imprensa. Novas prisões de sindicalistas e monárquicos, entre os quais o ex-ministro José de Azevedo Castelo Branco. O radical Mário Monteiro era advogado dos conspiradores monárquicos no Tribunal das Trinas. Vasconcelos confessa que utilizou o pretexto de greve geral para fazer uma limpeza nos bombistas. Manda deslocar para Lisboa tropas estacionadas em Abrantes.
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Assalto à Casa Sindical Militares e carbonários assaltam a sede da União de Sindicatos, a chamada casa sindical, sita no Palácio Pombal, à Rua do Século, à uma hora da noite do dia 31 de Janeiro.
Prisões Presas 700 pessoas, são conduzidas de barco para Sacavém, Monsanto e Alto do Duque. Censurados os jornais monárquicos. No parlamento, a acção do governo é apoiada por Brito Camacho, António Maria da Silva e José de Abreu. Contudo, é rejeitado o adiamento do parlamento por 92-60.
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Prisões políticas 716 prisões políticas durante o mês de Janeiro.
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Limpeza de bombistas Em carta dirigida a João Chagas, Vasconcelos reconhece que a greve geral deu-me horas de incerteza e de inquietação, mas foi boa porque permitiu realizar uma limpeza que doutra forma não se realizaria. Tirámos setecentas e tantas bombas a essa Cambada da Carbonária que ficou quase completamente desarmada. E agora se se fizerem finos, tareia para cima… |
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O Mundo critica o governo São criticadas as medidas de excepção do governo em O Mundo que, desta forma, se alia ás posições de Machado Santos, contra a táctica da aproximação dos democráticos com os camachistas, através dos jovens turcos. Falha o plano de Vasconcelos no sentido da destruição da acção dos carbonários.
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Afonso Costa professor da faculdade de ciências de Lisboa Afonso Costa é nomeado professor ordinário da Faculdade de Ciências de Lisboa.
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Fim do regime de estado de sítio Termina o regime de censura.
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Desterro de bispos Bispos de Braga, Portalegre e Lamego são desterrados por dois anos.
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Em A República, António José de Almeida considera a União Nacional Republicana mera aliança parlamentar.
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Código de Registo Civil
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Aparece o Imparcial Surge em Coimbra o Imparcial, semanário de estudantes católicos, com Francisco Veloso, Gonçalves Cerejeira e Carneiro de Mesquita.
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Anúncio do partido evolucionista António José de Almeida anuncia a formação de um Partido Evolucionista.
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Anúncio do partido unionista Camacho anuncia a criação do partido da União Republicana, constituído definitivamente em 27 de Março.
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16 prisões políticas durante o mês de Fevereiro. |
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A bomba explosiva Publicado pela Imprensa Nacional, o livro A Bomba Explosiva, da autoria do anarquista José Nunes (Março de 1912).
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Proposta de amnistia António José de Almeida apresenta uma proposta de amnistia para os conspiradores monárquicos. Oposição imediata dos democráticos, através de Alexandre Braga que apresentam moção, aprovada por 63-26
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Arguidos de crimes políticos passam a ser julgados em tribunais comuns
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Augusto de Vasconcelos na Câmara dos Deputados comunica não haver tratado algum anglo-germânico sobre a partilha das nossas colónias. Em Dezembro de 1911, o jornal socialista francês L’Humanité denunciara acordo, logo desmentido por Berlim.
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Bispo de Bragança desterrado por dois anos.
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Afonso Costa regressa a Lisboa Afonso Costa regressa da Suiça e é alvo em Lisboa de uma grandiosa manifestação de apoio. Exorta à constituição de um governo exclusivamente democrático.
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11 prisões políticas durante o mês de Março. |
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Comissão parlamentar iliba Freitas Ribeiro. Norton de Matos nomeado governador de Angola.
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Congresso das Juventudes Católicas Reunião em Coimbra das Juventudes Católicas Portuguesas. Decidida a criação de uma federação.
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Homenagem a Afonso Sessão de homenagem a Afonso Costa no Teatro República (actual S. Luís), comemorando-se o primeiro aniversário da lei da Separação.
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Congresso dos democráticos em Braga Congresso dos democráticos em Braga em finais de Abril de 1912. Não comparecem unionistas e evolucionistas. Reeleito directório afonsista. Bernardino Machado e Magalhães Lima mantêm-se no partido histórico.
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13 prisões políticas durante o mês de Abril. |
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Reactivado o CADC. |
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Em Maio e Junho, greve da Carris em Lisboa (começa em 29 de Maio e termina em 24 de Junho). |
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Em 4 de Junho o governo pede a demissão face aos ataques lançados sobre o ministro do interior Silvestre Falcão e a ameaça de uma greve geral. |
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Ataques dos democráticos no Congresso ao ministro do interior unionista Silvestre Falcão. |
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Manuel de Arriaga convida Basílio Teles através do governador civil do Porto, Sá Fernandes. Basílio recusa e aconselha que se forme um governo presidido por Afonso Costa. |
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Governo de Vasconcelos demite-se em 4 de Junho: julgo indispensável resolver a crise com a maior rapidez possível. Temos uma greve que ameaça tornar-se geral. |
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José Relvas em carta dirigida a João Chagas, teme o pastelão de todos os partidos, considerando: que sossego e confiança pode haver, quando nós verificamos que os homens inteligentes se conduzem como parvos? … o mal está na irredutibilidade da situação criada pelos próprios republicanos. |
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Em carta de 31 de Julho, dirigida a João Chagas, Vasconcelos confessa: tive um ministério péssimo, você bem o sabe. Não tinha senão um Ministro da Guerra a trabalhar bem e o da Marinha! A não fazer mal, porque … não há marinha. Dos outros, os melhores, Macieira e Sidónio, entenderam-se, um porque fez de mais, outro porque fez de menos. De modo que estive sete meses a trabalhar e a saltar por cima de complicações e de crises terríveis, dando a toda a gente a impressão que não fazia nada!
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Preparativos para a formação do governo Arriaga consulta Camacho que propõe os nomes de Basílio Teles e de Duarte Leite. Almeida indica Alves da Veiga, Nunes da Ponte, Xavier Esteves, Aresta Branco e Pimenta de Castro. Independentes sugerem Aresta Branco. Numa primeira fase convida sucessivamente Augusto de Vasconcelos e Duarte Leite que desistem. Volta a convidar os dois e opta por Duarte Leite, depois de Vasconcelos desistir.
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16 |
Constituído em 16 de Junho, o novo governo reúne três democráticos (justiça, guerra e fomento), dois unionistas (interior e negócios estrangeiros) e dois evolucionistas (marinha e colónias). Era apenas o de Augusto de Vasconcelos … com uma maior representação almeidista (dois ministros), e os jovens turcos restituídos à sua preeminência no Ministério da Guerra. Segundo Machado Santos, estreou-se com a repressão da greve dos carros eléctricos e terminou com um ataque de neurastenia do seu Presidente.
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Apresentação parlamentar Apresentação parlamentar em 17 de Junho. Um programa mínimo, o primeiro da república.
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Granjo em defesa da amnistia Logo no dia 18 de Junho, o evolucionista António Granjo defende a necessidade de uma amnistia. Resposta de Duarte Leite: a amnistia é um estímulo de incitamento contra a república.
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Termina a greve dos eléctricos Termina a greve dos eléctricos em 24 de Junho. Durou 26 dias.
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Almeida defende a realização de eleições locais António José de Almeida defendeu a necessidade de realização imediata de eleições locais, mas a maioria das câmaras municipais disse que não, invocando o facto do eleitorado ser adverso à república ou dominado pelo clero. O ministro da guerra continuava a ser apoiado pelo jovens turcos.
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Oposição dos evolucionistas Oposição dos evolucionistas à s propostas financeiras de Afonso Costa. Sessão parlamentar agitadas com bater de carteiras. Algumas ficam partidas, dada a violência dos protestos.
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Lei orçamental Lei orçamental para 1912-1913 em 30 de Junho.
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274 prisões políticas durante o mês de Junho. |
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Francisco Lázaro Em Julho, participação portuguesa nas Olimpíadas de Estocolmo. Morte do maratonista Francisco Lázaro, por insolação. |
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Segunda incursão monárquica Em 3 de Julho, a segunda incursão de Paiva Couceiro, agora ajudado pelo legitimista D. João de Almeida (Lavradio), antigo oficial austríaco. Os invasores estão melhor armados e adoptam um claro programa de restauração monárquica. Juntam no mesmo esforço os manuelistas e os miguelistas. Há 700 monárquicos em armas no Norte. Tentativa de assalto a Valença do Minho. Ataque a Vila Frade. Ataque de Paiva Couceiro a Chaves.
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Levantamentos monárquicos no interior A incursão é acompanhada por sublevações monárquicas em Azóia, Leiria, Batalha e Fafe. Surgem as guerrilhas monárquicas do Padre Domingos em Cabeceiras de Basto.
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Os defensores de Chaves Ataque de Paiva Couceiro a Chaves (8 de Julho). Derrotado no dia 9, quando é preso D. João de Almeida, Lavradio.
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Presos políticos Cerca de 274 presos políticos em Junho que, no mês seguinte aumentam para 612.
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Tribunais militares especiais Nova lei prevê o julgamento dos crimes políticos voltam a ser feitos em tribunais militares.
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Apreensão de jornais Novas regras sobre a apreensão de jornais subversivos.
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Conjura monárquica em Évora Descoberta conjura monárquica em Évora, dirigida militarmente pelo major Montez.
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Criação dos tribunais militares Criados três tribunais militares em Braga, Coimbra e Lisboa, para julgamento dos conspiradores monárquicos (16 de Julho)
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20 |
Lei sobre a mendicidade e a vadiagem Lei sobre a mendicidade e a repressão da vadiagem.
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Condenação de D. João de Almeida Tribunal marcial de Chaves condena D. João de Almeida a 6 anos de penitenciária e a 10 de degredo.
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Julgamento dos guerrilheiros de Cabeceiras de Basto Começa o julgamento dos conspiradores de Cabeceiras de Basto, em 6 de Agosto , até Novembro. Condenados 173 réus e julgados 122 à revelia.
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Fundação de Nova Lisboa Norton de Matos funda no Huambo a cidade de Nova Lisboa.
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Congresso dos ruraisEm 25 e 26 de Agosto, I Congresso dos Trabalhadores Rurais. |
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Reorganização frustrada dos serviços agrícolas Reorganização dos serviços agrícolas. Esta reforma de Costa Ferreira não chega a entrar em vigor.
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A acção de Carlos Rates no AlentejoCarlos Rates, em representação da embrionária CGT, desloca-se ao Alentejo em missão de propaganda e inquérito à vida associativa. Em entrevista ao jornal A Fronteira de Elvas, em 29 de Setembro, salienta que os ruaris desconhecem a questão social; que foram enganados pelos republicanos, os quais fizeram apenas uma revolução política sem fazerem uma revolução social…em vez da posse da terra prometida, responderam-lhes com balas e pranchadas; e que o caciquismo permanece como dantes, apenas mudou de nome. |
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Afonso Costa apela à unidade republicana Discurso de Afonso Costa em Santarém. Apela à unidade do partido republicano e clama pelo restabelecimento das nossas finanças.
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Sai o Trabalhador Rural Sai o primeiro número de Trabalhador Rural, órgão da Federação Nacional dos Trabalhadores Rurais.
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Bloco elege Macedo Pinto Uma coligação de unionistas e evolucionistas elege Macedo Pinto, evolucionista, como presidente da Câmara dos Deputados. Braamcamp Freire reeleito presidente do Senado.
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Questão do jogo Questão do jogo no parlamento. Unionistas e evolucionistas defendem a respectiva regulamentação, enquanto os democráticos são favoráveis à repressão.
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Granjo defende a extinção dos tribunais especiais O evolucionista António Granjo propunha a extinção dos tribunais marciais que julgavam os conspiradores monárquicos.
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Arriaga propõe indulto aos bispos Manuel Arriaga escreve a Duarte Leite propondo indulto aos bispos e a modificação no regime dos presos políticos. O chefe do governo recusa as sugestões.
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Reabertura do CADC Em 8 de Dezembro dava-se a reabertura solene do CADC, com discursos de Oliveira Salazar e Alberto Dinis da Fonseca.
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Redução dos direitos aduaneiros Lei de 21 de Dezembro estabelece redução de direitos aduaneiros para produtos alimentares.
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