Em 13 de Outubro de 1910 já estão presos 128 padres em Caxias, visitados pessoalmente por Afonso Costa.
Nesse período morrem os padres lazaristas Bernardino Barros Gomes, irmão do antigo ministro da monarquia, e o francês Alberto Fragues, na residência de Arroios.
© José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: 01-05-2007 Bernardino Barros Gomes
Nasceu em Lisboa, no dia 30 de
Setembro de 1839.
Licenciado em Filosofia pela Universidade de Coimbra e tendo frequentado a
Academia Florestal deTharandt (Alemanha) veio para a Marinha Grande em 1866,
para fazer a planta cadastral do Pinhal, depois de ter estado desde 1863 nas
Matas de Vale do Zebro e da Machada. Em 1879 passou a dirigir a Mata.
Aqui se destacou como insigne Silvicultor e realizou obra incomparável.
Iniciou os Ordenamentos (trabalho que se elabora de 10 em 10 anos e tem por
função programar todo o desenvolvimento do Pinhal, dando a conhecer também a sua
situação geral), levantou a primeira planta rigorosa, criou a escrituração
técnica do Pinhal, procedeu a vários estudos sobre sementeiras e resinagem,
mandou construir os primeiros pontos de Vigia contra incêndios, instalou na Mata
os primeiros postos de meteorologia.
Bernardino Barros Gomes que, no dizer do eng. Arala Pinto, foi o primeiro
apóstolo da exploração técnica da floresta, era um homem inteiramente dedicado
ao trabalho, tenaz e afável. Conforme relata Arala Pinto, Gomes era sempre
pontual na chegada ao local de trabalho dentro da Mata, quer fosse perto ou
longe, dormindo nas casas de Guarda para não perder o tempo da deslocação e
partilhando as refeições dos subordinados.
Quando Bernardino Barros Gomes enviuvou, em 1879, fez-se membro da Congregação
de S. Vicente de Paulo (Lazaristas). Ordenou-se presbítero em 1888, no Convento
de Arroios, em Lisboa. Foi aí, no dia 4 de Outubro de 1910, que uma bala
transviada o atingiu mortalmente. "Um santo e um sábio"- foram as palavras da
imprensa da capital ao referir-se à sua morte.
A Marinha Grande não esqueceu o Mestre (como os seus colegas silvicultores o
tratavam) atribuindo o seu nome a uma das ruas da Vila. Também os florestais
portugueses, na Conferência Florestal de 1917, alvitraram que se lhe prestasse
uma condigna homenagem. Assim, no dia do primeiro centenário do seu nascimento
(30 de Setembro de 1939) foi inaugurado em Pedreanes um modesto mas
significativo monumento em sua homenagem. Plantou-se também, no local, um
pinheiro manso.
Nessa inauguração estiveram presentes quase todos os velhos e novos
silvicultores, Regentes Florestais e um pelotão formado por Guardas Florestais.
Fez o elogio do homenageado o Silvicultor Júlio Mário Viana. Assim se prestou
homenagem àquele que, no dizer do eng. Arala Pinto, "palmilhava a pé ou a
cavalo, sem mostras de canseiras, todo o emaranhado do Pinhal de Leiria, que não
se julgava diminuído na sua dignidade nem na sua função ouvindo as opiniões dos
seus subordinados, ou aceitando e pagando o leito ou a comida simples que o
guarda florestal lhe poderia arranjar."
© José Adelino Maltez. Cópias autorizadas, desde que indicada a origem. Última revisão em: