Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004

Bon, Gustave Le (1841-1931)

Influenciado pela psicologia nascente, utiliza o conceito de inconsciente para aplicá-lo à predestinação dos povo. Porque cada povo possui uma constituição mental tão fixa como os seus caracteres anatómicos e que daí derivam os seus sentimentos, os seus pensamentos e instituições, as suas crenças e a sua arte. Assim, os mortos conformam as raças, produzem o inconsciente dos vivos e geram as almas dos povos, numa sucessiva cadeia de determinações. Um povo é, pois, um organismo criado pelo passado, pois a era das multidões é a dos primitivos. A multidão é conduzida quase exclusivamente pelo inconsciente. Os seus actos estão muito mais sob a influência da medula espinal do que sob o cérebro. Neste sentido, aproxima-se mais dos seres inteiramente primitivos.

Considera que as multidões acumulam, não a inteligência, mas a mediocridade, sendo conduzidas quase exclusivamente pelo inconsciente, havendo nelas um multiplicador da irracionalidade. Salienta que nas sociedades futuras, pode prever-se que, na sua organização poderão contar com um poder novo, o último soberano da vida moderna: o poder das liberdades. As teses de Le Bon que recebem algumas das reflexões de Tocqueville e de Nietzsche, vão influenciar Robert Michels. Entre nós, é particularmente influente em Fernando Pessoa.

· Lois Psychologiques de l'Évolution des Peuples

Paris, Alcan, 1894.

· La Psychologie des Foules

1895.

· L'Évolution de la Matière

1905.

4 Béjin, André, «Théories Socio-Politiques de la Lutte pour la Vie», apud Ory, Pascal, op. cit., pp. 406 segs..4 Nye, Robert, The Origins of Crowd Psychology. Gustave le Bon and the Crisis of Mass Democracy in the Third Republic, Londres, Sage Publications, 1975. 4 Bénoîst, Alain, Vu de Droite, trad. port. Nova Direita/Nova Cultura, Lisboa, Edições Afrodite-Fernando Ribeiro de Melo, pp. 293 egs..4 Theimer, Walter, História das Ideias Políticas, trad. port., pp. 486 segs..

 

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