Guareschi, Giovanni
Guatemala
Guattari, Félix
Guardiola, Maria
Guedes, Armando Marques (1886-1958)
Guedes, Armando Manuel Marques
Guedes, Francisco José Nobre
Guedes, João Teixeira de Queirós Vaz
Guéhenno, Jean-Marie
Guéldria
Guelfos e gibelinos
Guénon, René
Guerra, João Pedro Miller
Guerra Civil (1846)
Guerra Fria
Guerra, António Guerreiro Mimoso
Guerreiro, José António (1789-1834) Guevara, Ernesto (Che) 1928-1967E
Guiana
Guiana Francesa
Guião, António José
Guicciardini, Francesco
Guigou, Élisabeth Guildismo
Guimarães, Luís de Brito
Guimarães, Francisco Vale
Guimarães Júnior, Isidoro Francisco (1808-1883)
Guimarães, João Antunes
Guimarães, José Maria Teixeira
Guimarães, Mesquita
Guimarães, Vitorino 1876-1957
Guiné-Bissau
Guiné-Conakri
Guiné Equatorial
Guitton, Jean
Guizot, François
Gulag
Gulbenkian, Calouste
Gumplowicz, Ludwig (
Gurgel, Amaral
Gurr, Ted Robert
Gurvitch, Georges (
Gusdorf, Georges
Gusmão, Alexandre de
Gut (Jeinseits von) und Böse ,
Galaxy (The) Gutenberg
Guyot,Yves
|
Guareschi, Giovanni (1908-1968) Jornalista e escritor italiano, criador da sátira política de Dom Camilo.
Guatemala Uma das repúblicas das bananas. Cerca de 109 000 km2 e de 11 milhões de habitantes. O Estado mais povoado da América Central. O quinto produtor mundial de café e de heroína… Cerca de metade da população é índia, com destaque para os descendentes dos maias, mas o poder político e
económico pertence aos mestiços espanhóis, os ladinos. Forte influência dos protestantes que atingem 30% da população.
Independente desde 1821, quando era o centro das chamadas Províncias Unidas da América Central, extintas em 1839. Em 1851 sobe ao poder o coronel Jacobo Arbenz Guzmán, apoiado pelos comunistas que tenta uma reforma agrária. É substituído logo em 1954. Guerrilhas intensas desde os anos sessenta e
sucessivos regimes militares. Uma índia guatemalteca recebe o prémio Nobel da paz em 1992, Rigoberta Menchu. Em 1990, acordo entre o governo e a guerrilha.
Guattari, Félix Psicanalista francês, colaborador de Gilles Deleuze e membro destacado do movimento da filosofia do desejo.
·Capitalisme et Schizophrénie. L’Anti-Oedipe
Paris, Éditions de Minuit, 1972. II. Mille Plateaux, Paris, Éditions de Minuit, 1980. Com Gilles Deleuze.
·La Révolution Moléculaire
Paris, Recherches, 1977 [trad. port. Revolução Molecular e Pulsações Políticas, São Paulo, Brasiliense, 1981].
Capitalismo e Esquizofrenia, 1972-1980 äGuattari, Félix
Revolução Molecular äGuattari, Félix
Deleuze äGuattari, Félix
Anti-Édipo, 1972 äGuattari, Félix
Mille Plateaux, 1980 äGuattari, Félix
Guardiola, Maria Baptista dos Santos (1895-1987) Licenciada em Matemática. Professora de lideu, desde 1920. Destaca-se como militante do 28 de Maio e do salazarismo. Deputada de 1935 a 1945. Reitora do Liceu Maria Amélia Vaz de Carvalho, de 1928 a 1946, e fundadora do Liceu Rainha D. leonor em 1949.
Membro da Junta Nacional de Educação. Activista e inspiradora do modelo da Obra das Mães pela Educação Nacional e Comissária Nacional da Mocidade Portuguesa Feminina de 1937 a 1968.
Mocidade Portuguesa Feminina äGuardiola, Maria
Obra das Mães äGuardiola, Maria
Guedes, Armando Marques (1886-1958) Jurista. Professor do Instituto Superior do Comércio, depois integrado na Universidade Técnica de Lisboa. Deputado, ministro e presidente da câmara municipal do Porto durante a I República (1919-1920). Deputado do Partido Democrático eleito em 1925. Ministro das
Finanças de António Maria da Silva no último governo da I República, entre 17 de Dezembro de 1925 a 30 de Maio de 1926. Cria em 1930 um Centro de Estudos Democráticos, com Newton de Macedo, Joaquim de Carvalho, Hernâni Cidade, Vitorino Nemésio e José Ribeiro dos Santos. Divulgador dos modelos do
Plano Beveridge.
·Cinco Meses no Governo, Porto, Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1926
·A Aliança Inglesa. Notas de História Diplomática
1938.
·Plano Beveridge
Lisboa, 194.
Páginas do Meu Diário
Lisboa, 1957.
·Silvestre Pinheiro Ferreira, in Jurisconsultos Portugueses do Século XIX, 2º vol., edição do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, Lisboa, 1960, pp. 26 ss.;
Cinco meses no Governo, 1926 äGuedes, Armando Marques
Plano Beveridge äGuedes, Armando Marques
Guedes, Armando Manuel Marques (n. 1919) Doutor em direito. Professor catedrático do ISCSPU e da Faculdade de Direito de Lisboa. Filho de Armando Marques Guedes.
O modelo de Marcello Caetano manteve-se, aliás, no estilo de ensino do Professor Armando Marques Guedes, tanto no ISCSPU-ISCSP como na Faculdade de Direito de Lisboa, aonde regressou depois de 1977, estando bem documentado em obras de carácter escolar que editou: Ideologias e Sistemas Políticos,
Lisboa, Instituto de Altos Estudos Militares, 1978, e Teoria Geral do Estado, Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 1979, que constituem mero desenvolvimento da anterior Introdução ao Estudo do Direito Político, Lisboa, 1969. Este professor foi, aliás, o inspirador da reforma
da Licenciatura em Ciências Político-Sociais do ISCSP, implementada a partir do ano lectivo de 1977-1978, pela qual foi eliminada a disciplina de ciência política, que fora criada em 1974, entretanto substituída por uma vaga Introdução às Ciências Políticas, e se tratou de instituir o dualismo de
uma cadeira de Direito Político Comparado e outra de Teoria do Estado. O mesmo discípulo de Marcello Caetano que, na pós-revolução, atingirá as culminâncias da Presidência do Tribunal Constitucional, introduzirá também o modelo curricular ensaiado no ISCSP na própria Faculdade de Direito de Lisboa,
mantendo o referido dualismo nos cursos semestrais de Ciência Política I (1ºano) e Ciência Política II (4º ano, na opção de Ciências Jurídico-Políticas).
Guedes, Francisco José Nobre (1893-1969) Engenheiro mecânico. Figura destacada dos primeiros tempos do salazarismo, como deputado (1935-1938) e burocrata na área da educação (director-geral do ensino técnico e secretário-geral do ministério). Foi o primeiro comissário nacional da Mocidade
Portuguesa (1936) e termina a sua vida pública como embaixador em Berlim, durante a guerra (1940-1941). Abandonou Berlim sem prévia autorização do Ministério, pelo que nunca mais teve um cargo político no regime.
Guedes, João Teixeira de Queirós Vaz Ministro do comércio de 9 de Janeiro a 15 de Novembro de 1923. Interino das finanças no mesmo gabinete desde 25 de Outubro.
Guéhenno, Jean-Marie (1890-1978) Reconhece que o Estado-nação é prisioneiro de uma concepção espacial de poder, com essa pretensão de combinar num quadro único as dimensões política, cultural, económica e militar. Reconhecemos que vivemos na idade das redes onde a relação dos cidadãos com o
corpo político entrou em concorrência com a infinidade de conexões que eles estabelecem fora dele, de maneira que a política, longe de ser o princípio organizador da vida dos homens em sociedade, surge como uma actividade secundária, isto é, como uma construção artificial desadaptada para a relação
dos problemas práticos do mundo contemporâneo. De facto, em lugar de um espaço político, lugar de solidariedade colectiva, não há senão percepções dominantes, tão efémeras quanto os interesses que as manipulam. Ao mesmo tempo, a atomicização e a homogeneização. Uma sociedade que infinitamente se
fragmenta, sem memória e sem solidariedade, uma sociedade que não encontra a sua unidade a não ser na sucessão de imagens que os media lhe reenviam em cada semana, a partir dela mesma. Um sociedade sem cidadãos e, portanto, finalmente, uma não-sociedade. Concordamos que o espaço deixou de ser o
critério pertinente, mas continuamos a acreditar na política, exigimos o regresso à política, o regresso ao humanismo, o regresso aos valores clássicos das concepções geo-humanas.
·Jean-Jacques Rousseau
1950.
·Changer la Vie
1961.
Guéldria (Gelderland) Uma das províncias da União de Utreque de 1579, tem a capital em Arnhem; foi condado desde 1090 e ducado desde 1339; faz actualmente parte dos Países Baixos.
Guelfos e gibelinos Nos séculos XIII e XIV, a Itália divide-se entre os partidários do papa, a parte Guelfa (os partidários de Otão IV) e a parte Ghibellina (partidários dos Hohenstaufen, liderados por Frederico II), defensora do imperador; os guelfos predominam em Florença, Milão, Bolonha, Mântua e
Ferrara; os guibelinos em Siena, Pisa, Rimini, Modena, Pavia e Cremona; no fim do século XV, os guelfos assumem-se como aliados do rei de França, enquanto os guibelinos se inclinam para Carlos V.
Guénon, René (1886-1951)
·Le Règne de la Quantité er le Signe des Temps
Paris, Gallimard, 1945.
·Le Roi du Monde
Paris, Éditions Tradition, 1950.
·Le Symbolisme de la Croix
Paris, Vega, 1950.
·La Crise du Monde Moderne
1927.
Guerra, João Pedro Miller (1911-1993) Médico, Catedratico da Faculdade de Medicina de Lisboa. Chega a Bastonário da Ordem dos Médicos e a Presidente do Instituto Nacional de Investigação Científica e Tecnológica. Torna-se num dos mais destacados deputados da chamada ala liberal do marcelismo,
dado ser íntimo de Melo e Castro. Não se assume como fundador do PPD, aparecendo como deputado do PS em 1975. Nos primeiros dias do 25 de Abril de 1974, Spínola chega a indigitá-lo como Primeiro-Ministro. Inspirador do modelo de Serviço Nacional de Saúde.
Guerra Civil (1846) Seguiu-se novo período de guerra civil, a partir de Março de 1846, onde, de armas na mão, surgiu nova ampla coalizão, com setembristas e miguelistas. Como expressava o guerrilheiro miguelista, o Padre Casimiro José Vieira, numa carta escrita a D. Maria II, de 6 de Julho de 1846,
depois de a ter lido ao povo para saber se o que nela se dizia era a vontade de todos, considera o novo governo como uma farsa e combinação das seitas para tudo ficar como até ali, com a mudança apenas de pessoas. Fala d' opressões injustas que têm feito ao povo, tratando-o até agora como se fossem
negros e escravos e pede à Rainha que nomeie para toda a parte homens da maior integridade e desinteresse ... homens escolhidos à vontade do povo; que se baixem os impostos; nomeadamente a abolição das portagens; que as magistraturas locais possam ser exercidas gratuitamente; que aos deputados se
lhes façam os gastos da comida e transportes à custa do povo, mas que não embolsem dinheiro nenhum, para que depois não haja nas eleições tanto suborno, e o povo atine com a boa escolha. Considera também a hipótese de um exército popular: quer também o povo ... que nas guardas nacionais entre todo o
homem voluntariamente ... e que os oficiais sejam escolhidos por votação de todos os militares da guarda nacional. Defende o sufrágio universal : as eleições para toda a espécie de justiça e autoridade sejam de todo populares sem excepção de pessoa, a não ser as que não lêem, nem escrevem, para
evitar enganos e despertar a instrução, porque só assim se pode exprimir a vontade geral dos povos, que é a verdadeira lei. A sublevação terá começado em 19 de Março de 1846, em Santo André de Frades, concelho da Póvoa do Lanhoso. Depressa se propagou ao Minho, sob a liderança de padres miguelistas
como Casimiro José Vieira, João do Cano, Manuel das Agras e José da Laje. Entretanto, em 7 de Maio, já uma série de deputados pede a demissão do governo.Costa Cabral ainda começou por desdenhar da movimentação, chamando-lhe revolução do saco ao ombro e da roçadora na mão, mas em 17 de Maio já o
governo foi obrigado a apresentar a respectiva demissão. O ódio ao novo Estado é tal ordem que os revoltosos começavam quase sempre incendiando as delegações locais da fazenda, eliminando os registos e supondo que assim deixariam de pagar contribuições. Em breve este grupo de pata ao léu passa a ter
a colaboração e o enquadramento dos pés frescos do setembrismo, formando-se, por todo o reino, juntas revolucionárias a partir dos gabinetes locais da coalizão oposicionista. A primeira surge em Vila Real, presidida pelo morgado de Mateus. Estudantes de Coimbra deslocam-se à Figueira da Foz e
assaltam o forte de Santa Catarina. Passos Manuel preside à junta de Santarém. Em Braga é o visconde do Valongo. Entretanto, em Lisboa, tenta-se uma solução de compromisso, com um novo governo que pretendia assumir-se como um triunvirato dos três duques. Palmela assume a presidência e mantém
Terceira, esperando a chegada de Saldanha, então embaixador em Paris. Mas o intervalo pacificador não vai resultar.
Guerra Fria Em poucos anos, a guerra fria transformava as esperanças europeístas em mera parcela de um mais vasto atlantismo. A estaca americana dava não só dólares, como cobertura defensiva e concepções do mundo e da vida. A Europa, por si mesma, só poderia prosseguir depois desta interrupção, isto
é, dentro de milhares de momentos. Estava dependente da superação daquilo que Aron qualificava como guerra possível, paz improvável. Por enquanto não passava da tradução em mundialismo da velha doutrina do cordon sanitaire.Como Adriano Moreira caracteriza o período, vamos viver meio século de
violência estrutural, nuclear e assente na gestão do medo recíproco, uma estratégia diplomaticamente chamada de dissuasão, deram porém origem a que o ambiente sistémico do território europeu ocidental, este sempre objectivamente em risco de se transformar em campo de batalha ou moeda de troca,
inspirasse, pela longa duração, uma espécie de segurança da vida habitual. Segundo os ensinamentos de Adriano Moreira, em Teoria das Relações Internacionais, tratou-se de um confronto de blocos, com competição ideológica, onde o aniquilamento do adversário era considerado como fim da história; onde
se considerou que guerra só podia ser evitada pelo permanente equilíbrio pelo terror; onde a coligação estava permanentemente em exercício ; onde era difícil separar a paz da guerra; e onde existia em cada bloco de um Estado Director.O primeiro capítulo do livro de Raymond Aron, le Grand Schisme,
publicado em 1948, caracterizou o perContinuando a lição de Adriano Moreira, a guerra fria terá vivido os seguintes períodos: em primeiro lugar, a dissuação unilateral ( entre 1945-1951, quando os Estados-Unidos da América têm o monopólio atómico, período marcado pelo aparecimento da República
Popular da China, em 1949, e pela eclosão da Guerra da Crimeia); em segundo lugar, a.dissuação bilateral ( entre 1952 e 1959, depois da URSS entrar no clube atómico, quando os norte-americanos ameaçam com a chamada retaliação maciça, sobretudo até 1953, data da morte de Estaline; é um período
marcado pela crise do Suez e pela invasão da Hungria); em terceiro lugar, a disputa cósmica ( entre 1959 e1961, quando todos os membros do Conselho de Segurança da ONU entram no clube atómico; é neste período que a URSS entra na corrida do espaço e os acontecimentos mais importantes são a guerra do
Vietname, o conflito entre a Índia e China por causa do Tibete e o incidente domísseis de Cuba); em quarto lugar, a política de co-responsabilidade ( entre 1961 e1975, que leva ao Tratado de Moscovo de 5 de Agosto de 1963, sobre a suspensão formal das experiências nucleares; neste período surgem
vários tratados de limitação de armas estratégicas, como o SALT I, de 26 de Maio de 1972, e o SALT II, de 1979; o modelo culmina com a Conferência de Helsínquia, cuja acta final é assinada em 1 de Agosto de 1975; o quinto e último período é o que vai da guerra das estrelas à queda do muro (1989).Os
norte-americanos, dando corpo ao atlantismo, assumiam-se deste modo como os federadores activos da Europa, enquanto o justificado medo a Moscovo funcionava como o federador negativo. Entre os dois pólos, as potências europeias iam jogando nos vários tabuleiros do poder mundial. Se em Yalta apenas
esteve o Reino Unido, já a França vai conseguir juntar-se aos Grandes, quando acede ao clube dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. A Alemanha e a Itália tem de esperar mais tempo até à constituição do G7.E durante todo este processo do pós-guerra, eis que iam gradualmente caindo
os vários impérios coloniais do ocidente europeu: da Holanda, do Reino Unido, da Bélgica, da França e de Portugal, que o da Espanha já findara nos finais do século XIX.Os ingleses ainda tentam o sucedâneo da British Commonwealth, enquanto franceses e portugueses se perdem em demoradas guerras
coloniais. Primeiro, os franceses, durante 17 anos, até ao começo dos anos sessenta, quando, aliás, começa a guerra portuguesa que dura até 1974.Situações estruturais que nada têm a ver com signos ideológicos ou modelos de regimes. A França que assume a guerra colonial, principalmente na Indochina e
na Argélia, é republicana e democrática, com líderes vindos da Resistência. O Portugal da guerra de África é autoritário e tem um regime originário nas experiências ditatoriais europeias dos finais dos anos vinte. Quem faz a descolonização em França é essa mistura de diplomacia de Richelieu com o
francesismo do nacionalismo místico, meio barresiano e meio maurrasiano, chamado De Gaulle. Quem comanda o desfazer da logística do Império britânico são líderes conservadores britânicos, os mesmos que prègaram os winds of change. Quem vai fazer a descolonização portuguesa é um processo
revolucionário de esquerda, dominado por comunistas e socialistas, esquecido da circunstância do republicanismo português ter sido o verdadeiro impulsionador do último dos nossos impérios africanos.
Guerra perpétua. Segundo Hobbes a característica do estado de natureza, onde há ausência de República.
Guerra, António Guerreiro Mimoso Oficial do exército e governante da I República em 1916-1917 e 1925.
·Subsecretário de Estado da Guerra no governo de António José de Almeida (de 18 de Maio de 1916 a 25 de Abril de 1917)
·Subsecretário de Estado da Guerra no governo de Afonso Costa (de 25 de Abril de 1917 a 9 de Dezembro de 1917).
·Ministro da guerra de 23 de Abril a 18 de Junho de 1925, no governo de Vitorino Guimarães.
Guerreiro, José António (1789-1834) Deputado vintista e ministro da justiça, fiel ao modelo da Carta Constitucional, chega a membro da regência dos Açores.
·Jurista. Formado em cânones em 1816. Advogado. Deputado em 1821.
·Ministro da justiça de 27 de Maio a 2 de Junho de 1823, durante a vilafrancada, quando alinha com os constitucionais vintistas, apoiando D. João VI.
·Ministro da justiça do governo da regência de D. Isabel Maria, entre 15 de Agosto e 13 de Outubro de 1826, onde foi substituído por Gouveia Durão.
·Chega à Terceira em 15 de Março de 1829.
·Faz parte da regência colectiva estabelecida por D. Pedro em 15 de Junho de 1829.
Manifesto dos direitos de Sua Magestade Fidelissima a srª D. Maria II, e exposição da questão portugueza
Londres, 1829. Com Palmela
Gueto Do ita. Ghetto, originário de borghetto, a parte de um burgo onde estavam confinados os judeus. Equivalente às nossas judiarias.
Guevara, Ernesto (Che) 1928-1967Ernesto Guevara Lynch de la Serna. Médico argentino. Ortodoxo marxista-leninista, torna-se activista da revolução cubana desde 1959. Íntimo colaborador de Fidel de Castro, tanto na guerrilha como no governo do novo regime. Célebre pela repressão e fuzilamentos de
desertores e de colaboradores do regime de Batista, organiza os modelos mais colectivista do castrismo, dirigindo a reforma agrária, o controlo industrial e o Banco Nacional de Cuba, inspirando o acordo comercial com a URSS que tornou a ilha dependente da produção e exportação de açúcar.
Transformou-se num dos mitos dos revolucionários marxistas dos anos sessenta, principalmente a partir do Maio de 1968 francês, quando nas ruas de Paris se gritava por Che e Ho Chi Min. Inspira a teoria do foquismo, a criação de um foco de insurreição, como condição para a revolução.
·Destaca-se como chefe dos tribunais revolucionários que fuzilam os servidores do regime de Batista, assumindo também as funções de presidente do Banco de Cuba e de ministro da indústria.
·Depois de um discurso crítico face à União Soviética, em Fevereiro de 1965, durante uma reunião da Organização para a Solidariedade Afro-Asiática, realizada em Argel, é afastado de Cuba, para espalhar a revolução mundial, passando pelo Congo, onde contacta com Kabilla, e instalando-se na Bolívia.
·Morre em Outubro de 1967, depois de ter sido capturado pelo exército boliviano.
·La Guerra de Guerilla
1960.
Guiana 214 969 km2. 847 000 habitantes.
Guiana Francesa 86 504 km2. 104 000 habitantes. Departamento francês desde 1946. Território colonizado a partir de 1643. Nele se situa a célebre Ilha do Diabo, presídio ironicamente situado no chamado arquipélago das Ilhas da Saúde, bem como o centro espacial de Kourou.
Guião, António José Jurista. Procurador régio. Ministro miguelista.
·Membro da junta criada em 18 de Junho de 1823 para a reforma da lei fundamental.
·Membro da Junta de 13 de Julho de 1826 que organiza as instruções para a eleição de deputados.
·Membro da Junta que prepara as Cortes de 1828.
·Ministro do reino e da marinha de D. Miguel, desde 22 de Setembro de 1833.
·Acompanha D. Miguel na partida para o exílio em Sines, depois da Convenção de Évora Monte.
Guicciardini, Francesco (1483-1540) Natural de Florença. Professor de direito, historiador e diplomata, ao serviço de Espanha e do Papa. Contemporâneo de Maquiavel, aproxima-se deste nalgumas análises, embora não defenda a unidade italiana e prefira regimes aristocráticos e monárquicos em modelos de
pequenos Estados.
·Ricordi politici e civili
Ver a trad. cast. De la Vida Política y Civil, Buenos Aires, 1947.
·Considerazioni intorno ai Discorsi del Machiavelli.
·Dialogo del Reggimento de Firenze
1536.
·Del modo di ordinare il governo popolare
Guigou, Élisabeth Socialista francesa, natural de Marrocos. Colaboradora de Delors e Mitterrand, foi ministra dos assuntos europeus de 1990 a 1993. Coordenadora da campanha pelo sim ao referendo de 1992. Publicou em 1994 Pour les Européens
Guildismo Movimento que se desenvolve em Inglaterra no começo do século XX. Defende a união dos trabalhadores em guildas tendo em vista a fiscalização da produção. Influenciado por Buchez, Ketteler e Mun, mistura as ideias socialistas com algumas das propostas dos movimentos sociais cristãos e
coroporativos. No plano político global, o movimento é assumidamente pluralista, contra o Estado Servil e o soberanismo. Defende a autonomia dos grupos dentro do Estado, entendido como Estado Supletivo e o consequente federalismo. Não deixa de propor uma espécie de regresso ao espírito medieval,
nomeadamente pelo elogio daquilo que mais tarde será qualificado como pequena e média empresa. Tem como principais doutrinadores Chesterton e H. Belloc. Começa em 1905, como puro movimento intelectual, principalmente pela acção da revista New Age. Mas em 1915 desce ao terreno com a criação da
National Guilds League. Outros teóricos do movimento são A. J. Penty, A. R. Orage, S. G. Hobson, G.D. H. Cole e G. R. S. Taylor.
Guimarães, Luís de Brito Político republicano. Unionista. Ministro dos abastecimentos no governo de Domingos Pereira, de 30 de Março a 30 de Junho de 1919, na qualidade de unionista.
Guimarães, Francisco Vale (n. 1913) Advogado. Destaca-se como colaborador do marcelismo.
·Governador civil de Aveiro de 1954-1959 e de 1968-1974.
·Autoriza a realização dos Congressos Republicanos de Aveiro.
Guimarães Júnior, Isidoro Francisco (1808-1883) Visconde da Praia Grande de Macau desde 1862 Maçon. Oficial da marinha. Mindeleiro. Destaca-se como governador de Macau, diplomata na China e no Sião e ministro da marinha e do ultramar.
·Mindeleiro.
·Governador de Macau de 19 de Novembro de 1851 até 1863.
·Ministro de Portugal no Japão, Sião e China em 1859.
·Ministro da marinha e ultramar no governo da fusão, de Joaquim António de Aguiar, desde 4 de Setembro de 1865 a 4 de Janeiro de 1868, falecendo no exercício das suas funções.
·Acumula, no mesmo governo, a pasta da guerra, de 26 de Setembro a 22 de Novembro de 1865 e de 23 de Abril a 9 de Maio de 1866.
Guimarães, João Antunes (1877-1951) Médico pelo Porto. Ministro do Comércio e Comunicações de 1929 a 1932, nos governos de Ivens Ferraz e Domingos de Oliveira. Participa no I Congresso da União Nacional de 1934, sendo deputado salazarista a partir de 1935.
Guimarães, José Maria Teixeira Ministro das colónias de 30 de Março a 29 de Junho de 1919.
Guimarães, Mesquita
Guimarães, Vitorino 1876-1957 Vitorino Máximo de Carvalho Guimarães. Oficial de administração militar. Membro da Jovem Turquia e do partido democrático. Professor na Escola Militar e no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Assumiu-se politicamente como centrista dos democráticos,
entre a ala dos bonzos e dos canhotos. Autor de uma interssante história económico-financeira de Portugal.
·Deputado às constituintes.
·Chefe dos serviços administrativos da 2ª divisão do CEP.
·Ministro das finanças do governo de José de Castro (de 19 de Junho a 29 de Novembro de 1915)
·Ministro das finanças do governo de Cunha Leal (de 16 de Dezembro de 1921 a 6 de Fevereiro de 1922).
·Ministro das finanças do governo de António Maria da Silva (de 14 de Setembro a 13 de Agosto de 1923).
·Presidente do ministério de 15 de Fevereiro a 1 de Julho de 1925.
·Contabilidade Pública. Sua Origem e Evolução em Portugal
Publicada na Revista da Contabilidade Pública, entre 1941 e 1943.
Guiné-Bissau 36 125 km2. 1 073 000 habitantes. Em 1879 separa-se de Cabo Verde. Proclama unilateralmente a independência em 24 de Setembro de 1973, que é reconhecida oficialmente por Portugal em 10 de Setembro de 1974. Entre os governadores, entre 1901 e 1903, Joaquim Pedro Vieira Judice Biker;
Manuel Maria Coelho, em 1917, Sarmento Rodrigues, entre 1945 e 1950, Álvaro Tavares, em 1957-1958, Peixoto Correia, de 1959 a 1962, Arnaldo Schulz, de 1965 a 1968, António de Spínola, de 1968 a 30 de Agosto de 1973, e Bettencourt Rodrigues, até 1974. Depois da independência, entre 24 de Setembro de
1973 e 14 de Novembro de 1980, assume a presidência do Conselho de Estado Luís Cabral. Segue-se João Bernardo Vieira, primeiro, como presidente do Conselho da Revolução, e depois de 16 de Maio de 1984 como presidente da República, até ser derrubado em 7 de Maio de 1999, por um movimento militar
comandado por Ansumane Mané. Sucede-lhe transitoriamente Malam Bacai Sanhá. Durante a presidência de Luís Cabral, destacou-se como chefe governo Francisco Mendes (1973-1978). Com Nino Vieira, d Vítor Saúde Maria (1939-1999), em 1982-1984, Carlos Correia, em 1991-1994 e 1997-1998, Manuel Saturnino da
Costa, em 1994-1997. Francisco Fadul assume a lideran,a do governo depois de derrubado Nino Vieira.
Guitton, Jean (1901-199) Filósofo francês, professor na Sorbonne.
· La Pensée Moderne et le Christianisme
8 volumes editados entre 1930 e 1955.
·Une Siècle, Une Vie
1988.
·Mon Testament Philosophique
1999.
Guizot, François Pierre Guillaume (1787-1874) Político e historiador. Protestante, filho de um guilhotinado no período do Terror. Apoiante da Restauração, a partir de 1814, acaba por alinhar na oposição liberal contra os ultras. Um dos militantes do orleanismo e da Revolução de Julho de 1830,
tornando-se Ministro da Instrução Pública, de 1932 a 1937. Ministro dos Estrangeiros a partir de 1840. Inspira, no plano teórico, Alexandre Herculano, e como homem de Estado, Costa Cabral. Como dele escreveu Vítor Hugo, era pessoalmente incorruptível, contudo governa pela corrupção. Com efeito,
torna-se no símbolo do imobilismo do regime orleanista, apesar de ainda ganhar as eleições de 1846. Marcado, segundo as expressões de Prélot, por um liberalismo oligárquico ou por um conservadorismo liberal, modelos que bebeu nos doutrinários, dado ser um dos principais discípulos de Royer-Collard.
Defensor do juste milieu, um centrismo entendido, não como simples lugar geométrico, mas por uma atitude de protecção à então classe média, uma entidade situada entre a aristocracia e o povo. Proclamando o enrichez vous! cessez de demander l'expansion de vos droits politiques, tenta a criação de uma
nova oligarquia, uma política que acabou por ser derrotada em 1848.
·Professor de história moderna na Sorbonne desde 1812. ·Afastado em 1825 por ser considerado liberal.
·Retoma funções em 1828.
·Durante a monarquia de Julho, a partir de 1830, é deputado; ministro durante treze anos; e chefe do governo durante sete.
·Como ministro da educação, é responsável pelo lançamento do ensino primário.
·Em 1840, embaixador em Londres e, depois, ministro dos estrangeiros.
·Du Gouvernement Representatif
1816.
·Du Gouvernement de la France depuis la Restauration
1820.
·Des Conspirations et de la Justice Politique
1821.
·Des Moyens de le Gouvernement et d’Opposition dans l’État Actuel de la France
1821.
}Rosanvallon, Pierre, Le Moment Guizot, Paris, Gallimard, 1985.
Gulag Sigla russa da Administração Geral dos Campos de Concentração. O primeiro foi criado logo em Agosto de 1918 por Lenine. Como reconhece Chulguine o GULAG é um mal absoluto. Contudo, em certo sentido, a Humanidade também precisa de conhecer o mal absoluto. Há que experimentá-lo para se poder
erradicá-lo. Neste sentido, os russos foram os argonautas do Inferno. Exploraram um novo espaço existencial, o domínio do sofrimento, da luta e da morte, consubstanciados no sistema GULAG. Tendo-o explorado , abandonaram-no para sempre. E juntamente com eles, abandonou-o toda a Humanidade. Talvez
por isso é que Soljenitsine. em 1967 proclamava: se um dia conquistarmos a liberdade, devê-la-emos exclusivamente a nós mesmos. Se o século XX vier a comportar alguma lição para a humanidade, nós tê-la-emos dado ao Ocidente, e não o Ocidente a nós: o excesso de um bem-estar perfeito atrofiou nele a
vontade e a razão. Isso não implica a desculpabilização dos russos e, com eles, de todos os homens. Como reconhece Soljenitsine, faltou-nos o suficiente amor à liberdade, e, antes de mais, a plena consciência da verdadeira situação. Gastámo-nos numa incontível explosão no ano de 1917 e, depois,
apressámo-nos a submetermo-nos... merecemos simplesmente tudo quanto sobreveio depois. De qualquer maneira, importa assinalar, como Soljenitsine que os povos precisam de derrotas como certas pessoas precisam de sofrimentos e de desgraças: elas obrigam a aprofundar a vida interior e a elevar-se
espiritualmente. Também Toynbee assinalava que é pelo sofrimento que se aprende. Trata-se, no fundo, do antiquíssimo verbo dos Profetas, desde sempre assumido por todos os que estão condenados ao exílio junto às águas de Babilónia, de todos aqueles exílios que continuamos a sofrer fora ou dentro das
próprias pátrias. O mesmo Toynbee considerava que para um veículo avançar no caminho que o seu condutor determinou, tem de andar sobre rodas que monotonamente giram sempre em volta. Enquanto as civilizações se erguem e soçobram e, ao soçobrar, vão dando origem a outras, talvez vá seguindo sempre o
seu caminho em frente uma empresa de intenções definidas, mais alta que a delas, e talvez o supremo meio de progresso seja, num plano divino, a sabedoria que se aprende através do sofrimento causado pelo fracasso das civilizações. Da mesma forma, Johann Baptist Metz salienta que não é por acaso que
a destruição de recordações é uma medida típica da dominação totalitária. A escravidão do homem começa com o facto de lhe tirarem as recordações. Toda a colonização tem aí o seu princípio. E toda a insurreição contra a opressão nutre-se da força subversiva do sofrimento recordado. Com efeito, no
imperial-comunismo, a pior das consequências talvez não tenha sido o terror do totalitarismo, mas, sobretudo, a cedência ao pós-totalitarismo, quando, em nome da segurança e da tirania de um agente segurador da providência, houve como que uma ratificação da servidão. Aldous Huxley, no prefácio ao
Admirável Mundo Novo, pela primeira vez editado em 1932, já advertira: não há nenhuma razão ... para que os novos totalitarismos se pareçam com os antigos, dado que num Estado Totalitário verdadeiramente eficiente ele será inútil constranger, pois todos terão amor à servidão, além de que os maiores
triunfos em matéria de propaganda, foram conseguidos, não com fazer alguma coisa, mas com a abstenção de a fazer. Grande é a verdade, mas maior ainda, do ponto de vista prático, é o silêncio a respeito da verdade. Voltando a Pasternak, talvez a Rússia diga colectivamente: também eu já fui partidário
da revolução, mas hoje pergunto-me se alguma coisa de bem se poderá obter recorrendo à violência. O bem só pode ser alcançado pelo bem. Os meios determinam os fins. Como diz o mesmo autor, é agora que começam a manifestar-se os resultados indirectos, os frutos dos frutos, as consequências das
consequências. As desgraças temperam os caracteres, deram à nova geração uma resistëncia, um heroísmo e um ardor que ela manifesta por tudo quanto é grande, temerário, prodigioso, por todas essas virtudes fantásticas, assombrosas, que não têm paralelo.
Gulbenkian, Calouste sarkis (1869-1955) Milionário arménio. Residente em Portugal desde 1942. Cidadão otomano, forma-se em engenharia em Londres. Durante a Segunda Guerra Mundial, vive em França, sob o regime de Vichy, onde se torna amigo do nosso embaixador Caeiro da Matta. É este que lhe indica
como advogado Azeredo Perdigão. Instalado em Lisboa no velho Hotel Aviz, tem como médico pessoal o Professor Fernando da Fonseca. Passa a gostar do viver habitualmente do regime de Salazar, a quem admira. Já instalado em Lisboa, redige, com a ajuda de Perdigão, um segundo testamento, em 18 de Junho
de 1953, a partir do qual vai surgir a Fundação Calouste Gulbenkian em 18 de Julho de 1956. Morre em 20 de Julho de 1955. O estatutos da Fundação são directamente redigidos por Salazar, Marcello Caetano e Azeredo Perdigão.
Gumplowicz, Ludwig (1838-1909) Austríaco, de origens judaicas, natural de Cracóvia. Licenciado em direito, professor em Graz. Apesar das origens, foi o precursor do racismo. Um dos críticos da ideia de paz perpétua, aceitando a luta entre raças superiores e raças inferiores e favorecendo a
emergência das teses do militarismo e do imperialismo. Defende uma concepção naturalista de Estado, entendendo‑o como mero poder de facto resultante da luta entre raças diversas, onde estas são entendidas mais como grupos sociais do que como entidades étnicas. Assim, considera que o Estado surgiu da
submissão violenta de hordas débeis a hordas mais fortes (Urhorden) que se encontravam na forma de Estado‑Nómada (Urschwärme),a primeira forma de Estado.O Estado ainda se manteria como uma relação entre vencedores e vencidos, entre dominadores e dominados, ainda seria uma organização de domínio e
ordenamento da desigualdade. Apesar de criticar o evolucionismo de Schäffle e Lilienfeld, concebe a sociedade como um conjunto de grupos que lutam cruelmente entre so, mantendo uma concepção naturalista da história e um certo fatalismo face à ideia de necessidade histórica. A lei social fundamental
é o desejo de cada grupo social dominar outro, oprimindo os que se lhe opõem. Neste sentido, desenvolve a ideia de horda, salientando que o Estado surge quando uma horda vencedora consegue estabelecer um regime permanente de opressão, reprimindo as hordas vencidas e onde a luta dos grupos sociais,
estratos e partidos substitui a luta primitiva das hordas. Observa que a divisão mais geral entre grupos sociais se estabelece entre dominadores e dominados, surgindo uma competição pelo poder. Uns lutam para explorar e escravizar. Os oprimidos pela resistência aos opressores. É assim marcado pelo
materialismo económico e pelo naturalismo. Acredita que o homem se move fundamentalmente pelo desejo de satisfazer as suas necessidades materiais, a causa final de todo o processo social. O movimento social tem assim um motivo económico e a satisfação de tais necessidades apenas se consegue pela
coerção e pela violência. Esta sociologia de luta leva-o até a falar em luta de raças, entendidas como fenómenos sócio-culturais e não biológicos. Uma luta de raças que define como luta das unidades, dos grupos e das comunidades étnicas e sociais. Nestes termos, concebe a sociologia como ciência
arquitectónica, entendendo-a como o estudo dos grupos sociais e das relações entre eles, na sua luta constante e implacável, entendida como o principal factor social.
·Rasse und Staat
1875
·Der Rassenkampf
Innsbruck, 1883.
·Die soziologische Staatsidee
1892.
·Sozialphilosophie im Umriss
Cfr. reed. Aalen, Scientia Verlag, 1909.
Gurgel, Amaral Geopolítico brasileiro da escola do Estado de Segurança Nacional. Considera esta como a garantia dada pelo Estado para a garantia ou a defesa dos objectivos nacionais, apesar dos antagonismos e das pressões. Salienta que o poder político é uma componente do poder nacional que engloba
os órgãos e as funções de direcção da sociedade política, incluindo necessariamente o poder psico-social. Assim, define a estratégia nacional como a arte de preparar e de aplicar o Poder nacional para obter ou manter objectivos fixados pela Política Nacional.
·Segurança e Democracia
Rio de Janeiro, José Olumpio, 1975.
Gurr, Ted Robert Elabora uma tabela das formas da violência política: desordem, violência conspirativa e guerra civil.
·Why Men Rebel
Princeton, Princeton University Press, 1970.
·Politicmetrics
Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1972.
·Patterns of Authority. A Structural Basis for Political Inquiry
Nova York, John Wiley & Sons, 1975. Com Harry Eckstein.
·Handbook of Political Conflic
Glencoe, The Free Press of Glencoe, 1980. Ed.
Gurvitch, Georges (1894-1965) Russo de nascimento, naturalizado francês em 1928. Licenciado e doutor em direito por Sampetesburgo/Petrogrado. Participa, com Lenine, na revolução bolchevique de 1917. Ensina sucessivamente em Petrogrado, Praga, Paris, Bordéus e Estrasburgo. Assume-se como discípulo de
Eugen Ehrlich e como admirador de Proudhon. Refugia-se nos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial. A partir de 1949 ensina sociologia na Sorbonne, retomando a tradição de Émile Durkheim.
o direito é a realidade que possui o sentido de estar ao serviço do valor jurídico, da ideia de direito e a ideia de direito não pode ser diferente da ideia de justiça.
ninguém pode ser democrata se não afirmar a soberania do direito sobre o poder
em L'Idée de Droit Social, de 1932, num sociologismo já aberto à procura de uma saída metafísica, considera-se a existência de um direito de integração, de um direito gerado de maneira autónoma pela vida colectiva do grupo, integrando as suas tradições, as suas necessidades e as suas aspirações.
Neste sentido, perspectiva a existência de uma hierarquia jurídica, onde, depois de um direito estadual, há a assinalar um direito inter-individual – o que regula as relações dos indivíduos –, e um direito social – o direito dos grupos sociais instituídos, organizados. O direito estadual, neste
sentido, não passa daquele que pretende monopolizar o jurídico e ordenar as relações entre os indivíduos ou entre os grupos, assumindo-se como a cúpula de um sistema formado pelo direito inter-individual e pelo direito social.
Há realidades sociais que materializam valores extra-temporais, ao incarnarem, pela sua própria existência valores positivos intrínsecos (de carácter jurídico e moral), realidades em que se produz esta interpenetração do ideal e do real, dos valores e dos factos. A essas entidades chama factos
normativos, uma autoridade que encarna valores, aqueles que encontram a sua justificação jurídica no próprio facto da sua existência.
Um facto normativo é, assim, a ligação entre a acção empírica de uma comunidade real e a acção eterna dos valores morais que encontram a sua justificação jurídica no próprio facto da sua existência, porque este facto apresenta em si mesmo um valor jurídico positivo.
Considera que a questão das fontes do direito não é outra senão a de saber em que consiste a positividade do direito, isto é, como o direito pode ser simultaneamente positivo e normativo e porque deve ele ser necessariamente uma e outra coisa – as fontes de direito não são senão os critérios desta
positividade, ligada indissoluvelmente à normatividade. Ora, a positividade é caracterizada por dois dados essenciais: ser instituída por uma autoridade qualificada que não seja idêntica à autoridade da regra em si mesma, e a eficiência real desta regra num meio social dado; por isso qualquer fonte
do direito positivo tem de fazer a prova de que corresponde a esta dupla exigência, isto é, que representa a autoridade e que garante a eficiência desta, unindo pela sua própria existência os dois termos num só.
Neste sentido, define a fonte do direito como autoridade qualificada sobre a qual se apoia a força obrigatória de uma regra jurídica e que pela sua própria existência, incarnando valores, dê garantia da eficiência real dessa regra.
Adoptando assim uma postura pluralista, considera que não há uma só fonte de criação de direito, mas uma multiplicidade de centros jurídicos.
Tanto há tanto um direito positivo formal, como um direito positivo intuitivo, um conjunto de normas nas quais se traduziriam as aspirações dos vários grupos. O direito social nasce espontaneamente das fontes autónomas, havendo uma série de centros geradores do direito, por dentro e acima dos
Estados. No primeiro grupo estão as cooperativas, os trusts, as empresas e os próprios serviços públicos descentralizados; no segundo, as organizações internacionais.
Deste modo, considera que a eficiência do direito verifica-se pelas reacções de desaprovação e é apenas esta garantia, assegurando a correspondência dos deveres de um às pretensões dos outros... que é a marca de qualquer direito. Ora, qualquer forma de sociabilidade é capaz de se tornar, sob certas
condições, a base de uma garantia desse género e, por isso mesmo, fonte de desenvolvimento do direito.
Acresce que o direito social pode ser anexado ou misturado com o direito estadual, embora a sua eficácia não fique apenas dependente da coacção estadual, dada a importância da chamada desaprovação social.
Este ideal-realismo faz, assim, a ponte com outras correntes, nomeadamente com o chamado institucionalismo, constituindo uma fecunda encruzilhada na problematização do quid do direito, até pela circunstância de chamar sociólogos, politólogos e filósofos à pesquisa de uma realidade que parecia
fechada na torre de marfim do seu próprio dicionário conceitual.
ultrapassaria os agrupamentos funcionais e as classes sociais.
Uma sociedade global seria um macrocosmos de macrocosmos sociais, assumindo, na maior parte dos casos, grande envergadura, sendo dotada de uma quádrupula soberania: social, económica, jurídica e política, porque uma sociedade global afirma a sua especificidade e a sua diferença relativamente a uma
outra sociedade global a todos os níveis...Ao nível político, exerce de facto e de direito o poder de administrar os grupos e os indivíduos que a compöem;ao nível jurídico,apresenta‑se como a fonte do direito,que fixa o que é permitido e o que é proibido, e organiza os diversos tipos de relações e
de contratos (sistemas de parentesco,contratos de propriedade,etc.); ao nível económico, organiza a produção,a circulação e o consumo de bens; ao nível cultural, é o foco criador dos modelos de comportamento dominantes e a organizadora dos seus modos de transmissão ao regular os processos de
educação.
A ideia de sociedade global que remonta a Marcel Mauss (1872-1950) a quem cabe a descoberta do facto ou fenómeno social total, vai ser adoptada por uma série de autores que tentaram conciliar a herança darwinista com o mais recente desenvolvimentismo.
Gurvitch, neste sentido, elenca a sucessão histórica das várias sociedades globais: teocracias carismáticas, sociedades ditas patriarcais, sociedades feudais, sociedades globais onde predominam as cidades‑estados tornando‑se impérios, sociedades globais onde se manifestaram os alvores do capitalismo
e o absolutismo dito esclarecido e a sociedade global democrático‑liberal correspondente ao capitalismo concorrencial desenvolvido.
Para Jean‑William Lapierre, uma sociedade global pode ser considerada como um vasto fenómeno social total. Entende por tal um conjunto concreto e singular de pessoas e de grupos no qual todas as categorias de actividade são exercidas e mais ou menos integradas. Trata‑se do mesmo conceito que no
século XVII se exprimia por sociedade civil e corpo político e que significa o mesmo que o inglês polity ou com aquilo que os marxistas entendem por formação social. Segundo o mesmo autor, haveria cinco sistemas principais de sociedade global: sistema bio‑social ou sócio‑genético, equivalente à
comunicação de mulheres do sistema de parentesco, segundo Lévi‑Strauss; sistema ecológico ou socio‑geográfico; sistema económico ou de comunicação de bens e serviços; sistema cultural ou de comunicação de mensagens; sistema político.
·”Une Philosophie Intuitioniste du Droit”
In Archives de Philosophie du Droit et de Sociologie Juridique, 1931, ns. 3-4.
·Le Temps Présent et l'Idée de Droit Social
Paris, 1932.
·L'Idée de Droit Social
Paris, 1935.
·L’Expérience Juridique et la Philosophie Pluraliste du Droit
Paris, 1935
·Morale Théorique et Science des Moeurs
1937.
·Éléments de Sociologie Juridique
1940.
·Industrialisation et Téchnocratie
Paris, Librairie Armand Colin, 1949.
·La Vocation Actuelle de la Sociologie
1ª ed., 1950. Paris, Presses Universitaires de France, 1963, trad. port. A Vocação Actual da Sociologia, 2 vols., Lisboa, Edições Cosmos, 1979-1986].
·La Sociologie de Karl Marx
Paris, Centre de Documentation Universitaire, 1961.
·Traité de Sociologie
1ª ed., 1958. Org., 2 vols., Paris, Presses Universitaires de France, 1962.
·Dialectique et Sociologie
aris, Éditions Flammarion, 1962 [trad. port. Dialéctica e Sociologia, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1982].
·Proudhon
Paris, Presses Universitaires de France, 1965.
·Études sur les Classes Sociales
Paris, Gonthier, 1968.
Gusdorf, Georges (n. 1912) Filósofo francês. Professor em Estrasburgo desde 1952.
·Les Sciences Humaines et la Pensée Occidentale
7 vols., editados entre 1966 e 1976.
·De l’Histoire des Sciences à l’Histoire de la Pensée
Paris, Librairie Payot, 1966.
·As Revoluções da França e da América. A Violência e a Sabedoria
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1993.
Gusmão, Alexandre de (1695-1753) Um dos iluministas portugueses, adepto do mercantilismo. Nasce em Santos, no Brasil. Estuda em Coimbra e em Paris, aqui entre 1714 e 1720, onde se doutora em direito civil. Político e diplomata. Na sua Genealogia Geral da Nação Portuguesa reconhece que as melhores
familias têm sangue judaico.
·Obras Várias de Alexandre de Gusmão
organização e comentário de Jaime Cortesão, Rio de Janeiro, Instituto Rio Branco, 1950.
}Jaime Cortesão, Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, 2 tomos, Rio de Janeiro, Instituto Rio Branco, 1956.
GUSMÃO, PAULO DOURADO
Filosofia do Direito [1ª ed., Curso de Filosofia do Direito, Rio de Janeiro, Freitas basto, 1950], Rio de Janeiro, Forense, 2ª ed., 1994
·O Pensamento Jurídico Contemporâneo
São Paulo, Saraiva, 1955.
·Introdução ao Estudo do Direito
Rio de Janeiro, Forense, 1978 (8ª ed.).
Gut (Jeinseits von) und Böse , 1886 A obra de Friedrich Nietzsche tem como subtítulo, prelúdio de uma filosofia do futuro. Visa a criação de uma nova tábua de valores superadores da religião judaico-cristã. Considera que acabou o tempo da pequena política e que a Europa tem obrigação de uma grande
política, pela dominação universal, através de uma grandiosa empresa de educação e de selecção. Já depois de instalada a ordem prussiana, a ideia de uma Europa una (das eine Europe) vai ser defendida por Friedrich Nietzsche (1844-1900), em Gedanken uber die liber Europaer, fragmentos póstumos,
escritos em 1885 e 1887.
O mesmo autor em Jenseits Von Gut und Böse (Para Além do Bem e do Mal) de 1886, já expressava a sua veia europeísta, quando criticava a ideia moderna que reúne o absurdo parlamentar com a loucura das nacionalidades, detecta contudo os sinais pelos quais a Europa exprime a sua vontade de ser una.
Mas esta Europa una, feita de bons Europeus, não passava de uma raça de futuro ou de uma nova elite feita de super-homens, não através de uma pureza de sangue, como pretendiam os nacionalistas zoológicos, mas sim pela síntese superior das várias culturas, através de uma revolução vinda de cima
marcada pela vontade de poder entendida como vontade de verdade.
Nos fragmentos de 1885 é bem mais explícito na sua defesa da Europa una, criticando as guerras nacionais: o que me importa é a Europa una. Vejo-a preparar-se lentamente, de uma maneira hesitante. Em todos os espíritos entendidos e profundos deste século, a obra comum da alma consistiu em preparar,
calcular e antecipar esta nova síntese: o Europeu do futuro ... Entretanto, ao lado do que desperta e forma nesses espíritos a necessidade de uma unidade nova, ou para já as necessidades novas desta nova unidade é preciso colocar um grande facto económico que esclarece a situação: os pequenos
Estados da Europa - entendo por tal todos os nossos Impérios e Estados actuais - tornar-se-ão economicamente insustentáveis a curto prazo.
(cfr. trad. port. Para Além do Bem e do Mal, Lisboa, Guimarães Editores, s.d.).
Galaxy (The) Gutenberg”, 1962 Obra do canadiano Marshall McLuhan, subtitulada The Making of Typographic Man. Considera que a mensagem, que o conteúdo, é o medium, o continente. A invenção do papiro provoca o aparecimento do império burocrático dos faraós do Egipto. A imprensa leva à difusão da
reforma protestante no espaço alemão. A imprensa quotidiana popular promove a difusão do nacionalismo no século XIX. A televisão contribui para a não distinção entre o público e o privado. Assiste-se agora à passagem da galáxia Gutenberg para a galáxia Marconi. Em A Galáxia de Gutenberg, de 1962,
consagra a expressão aldeia global. Considera que desde 1905 a galáxia eléctrica destruiu a galáxia de Gutenberg e o homem tipógrafo. Gera-se nova inquietude de tempos sem escrita, marcados pela comunicação oral. Uma intensa comunicação, onde a forma, o continente, tende a ser mais importante do que
a matéria, o conteúdo. The Gutenberg Galaxy. The Making of Typographic Man, 1962 [trad. fr. La Galaxie de Gutenberg, Paris, Éditions Mame, 1965; trad. port. A Galáxia de Gutenberg, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977]ìGutenberg…. [trad. fr. La Galaxie de Gutenberg, Paris, Éditions Mame,
1965; trad. port. A Galáxia de Gutenberg, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977]
Gutierrez, Gustavo
Um dos téologos da libertação. Contrapondo libertação e desenvolvimento, define a primeira como um processo revolucionário de ruptura com a sociedade existente numa história enetendida como processo de emancipação humana através de uma sucessão de conflitos e de lutas. Liga-se à teoria da
dependência, aceitando algumas teses marxistas.
·Essai pour una Théologie de la Libération
Lyon, Profac, 1972.
·Théologie de la Libération
Bruxelas, Lumen Vitae, 1974.
·La Libération par la Foi
Paris, Cerf, 1985.
·La Force Historique des Pauvres
Paris, Cerf, 1986.
Guyot,Yves Liberal, herdeiro de Bastiat, marcado por um optimismo providencial, defende um estrito atomicismo, criticando todas as medidas contrárias à concorrência perfeita, incluindo as associações económicas, nomeadamente as associações de consumidores.
·Morale de la Concurrence
1910.
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