Respublica     Repertório Português de Ciência Política         Edição electrónica 2004


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Políticos Portugueses da Ditadura Nacional e do Estado Novo (1926-1974)
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Cabeçadas Júnior, José  Mendes (1883-1965) Oficial da Armada. Maçon.  Revolucionário do 5 de Outubro de 1910, enquanto comandante do navio Adamastor que bombardeia o Palácio das Necessidades. Deputado em 1911 e 1915. Sucessivamente unionista e liberal, tambem participa com Cunha Leal na União Liberal Republicana, uma dissidência dos nacionalistas, surgida nos começos de 1928. Lidera a revolta de Julho de 1925. Presidente da junta revolucionária de Lisboa do 28 de Maio, tem como colaborador o tenente Carlos Vilhena. Inspira o golpe da Melahada, de 10 de Outubro de 1946 Organizador da conjura da abrilada contra o salazarismo em 1947. Apoia a candidatura de Quintão Meireles em 1949. Salienta, então, que a supressão de direitos ou liberdades gerou o mal estar e o temos. Hoje não há direitos, nada se obtém que não seja por favor. Observa que o 28 de Maio foi prevertido por um técnico de finanças que gerou uma política de ódio e que se criaram instituições que dividem os portugueses. Ainda subscreve em 1961 o Programa para a Democratização da República.

 

 

Cabral, Amílcar Lopes (1924-1973) Um dos pais fundadores do independentismo da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Mestiço de pai cabo-verdiano e mãe guinenese. Engenheiro agrónomo por Lisboa, desde 22 de Fevereiro de 1952, sendo colega de Sousa Veloso e de Mário Barreira da Ponte. Em Setembro seguinte já exerce funções técnicas públicas na Guiné. Afastado do território em 1955, vem para Lisboa até 1959, data em que regressa à terra clandestinamente. Aproveita as circunstâncias que rodearam o chamado massacre do Pidjiguiti em 3 de Agosto de 1959.  A partir de 1960 instala-se em Conakry. Fundador do PAIGC em Outubro de 1960, juntamente com Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida, Fernando Fortes e Eliseu Turpin. Desencadeia a luta armada no Sul da Guiné em 23 de Janeiro de 1963. Assume uma importante imagem internacional, principalmente depois da chamada batalha do Como, de 1964, participando na Conferência Tricontinental de Havana (1966). A chegada de Spínola em 1968, altera as circunstâncias da guerra e o PAIGC é comprimido tanto no terreno como no campo político e psicológico. Amílcar volta a actuar no palco internacional. Em 1970 é recebido nos Estados Unidos da América, tanto na Universidade de Siracusa, a propósito de uma homenagem a Eduardo Mondlane, como pela própria comissão dos negócios estrangeiros do Congresso. Em Junho deste mesmo ano chega a ter uma audiência com o Papa Paulo VI, juntamente com Marcelino dos Santos da FRELIMO e Agostinho Neto do MPLA, não faltando uma visita triunfal à URSS..  Assassinado em 20 de Janeiro de 1973. Esteve para o marxismo-leninismo anticolonialista como Léopold Senghor esteve para o ocidentalismo. O respectivo conceito de nação é de clara marca estalinista.

 

 

Cabral, José Pereira dos Santos (1885-1950) Advogado, chega a director-geral dos serviços prisionais com o salazarismo. Militante nacional-sindicalista, é dos que se opõe a Rolão Preto, passando-se para a União Nacional. Deputado monárquico em 1918 e pelo Estado Novo, em 1934 e 1935, foi autor do projecto de lei sobre a proibição da maçonaria, apresentado em 19 de Janeiro de 1935 e criticado por Fernando Pessoa. O projecto foi aprovado em 5 de Abril.

 

 

Caetano, Marcello José das Neves Alves  (1906-1980) Jurista e político. Um dos principais juspublicistas portugueses do século XX e chefe do governo de 1968 a 1974. Destaca-se como constitucionalista, administrativista e historiador do direito, fundando a Escola de Direito Público de Lisboa. Começa como funcionário do registo civil em Óbidos (1928-1929). Auditor jurídico do ministério das finanças (1929-1934). Doutorado em direito (1931). Comissário nacional da Mocidade Portuguesa (1940-1944). Ministro das colónias  (1944-1947). Presidente da Comissão Executiva da União Nacional desde 1947.  Opõe-se então à facção de Santos Costa. Presidente da Câmara Corporativa (1949-1955). No III Congresso da União Nacional, realizado em Coimbra, em Novembro de 1951, assume-se contra a tese que defendia a restauração da monarquia, sugerindo a candidatura de Salazar à presidência da república. Ministro da presidência (1955-1958). Reitor da Universidade de Lisboa (1959-1962). Nomeado presidente do conselho de ministros em 27 de Setembro de 1968, é derrubado em 25 de Abril de 1974. Em 1931 doutora-se em Ciências Político-Económicas, assumindo a regência da cadeira de Direito Constitucional no ano lectivo de 1951-1952, por doença do anterior titular, Domingos Fezas Vital. Abandona então a regência da cadeira de Administração e Direito Colonial, para a qual foi contratado Joaquim da Silva Cunha, já professor da Escola Superior Colonial, onde deixou uma vaga que será ocupada por Adriano Moreira. Ideólogo do CorporativismoCaetano que, como ideólogo do regime, já editara O Sistema Corporativo em 1938, e Problemas da Revolução Corporativa em 1941, publicará, a partir desta experiência docente, Política UltramarinaEm Os Nativos na Economia Africana, Lisboa, 1954, influenciado pelo apartheid sul-africano, considera que os negros em África devem ser olhados como elementos produtores enquadrados ou a enquadrar numa economia dirigida por brancos... os africanos não souberam valorizar sozinhos os territórios que habitam há milénios, não se lhes deve nenhuma invenção útil, nenhuma descoberta técnica aproveitável, nenhuma conquista que conte na evolução da Humanidade, nada que se pareça ao esforço desenvolvido nos domínios da Cultura e da Técnica pelos europeus ou mesmo pelos asiáticos. [1931]A Depreciação da Moeda Depois da Guerra Coimbra Dissertação de doutoramento em direito. [1938] O Sistema Corporativo Lisboa, Jornal do Comércio e Colónias [1941]Problemas da Revolução CorporativaLisboa, Editorial Acção [195]Manual de Ciência Política e Direito Constitucional Com sucessivas eds. : a 1ª ed. intitulava-se Lições de Direito Constitucional e Ciência Política, Coimbra, Coimbra Editora [1953]«Introdução ao estudo do Direito Político»In O Direito, ano 85, Lisboa [1961]Apontamentos para a História da Faculdade de Direito de Lisboa Separata da Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, vol. XIII, [1975]DepoimentoRio de Janeiro/São Paulo, Record [1977]Minhas Memórias de SalazarLisboa, Editorial Verbo.

Sobre Marcello Caetano, é importante ver António Alçada Baptista, Conversas com Marcello Caetano, Lisboa, Moraes, 1973; Joaquim veríssimo Serrão, Marcello Caetano. ConfidÊncias no Exílio, Lisboa, Verbo, 1984.

 

 

Câmara Melo Cabral, Filomeno da (1873-1934) Oficial da armada. Governador de Timor em 1910-1913 e 1914-1917. Um dos líderes do golpe de 18 de Abril de 1925. Militante de dirigente da Cruzada Nun’Álvares e deputado nacionalista em 1925. Ministro das finanças em 1926, no governo de Gomes da Costa. Ministro das finanças de 19 de Junho a 9 de Julho de 1927. Tenta, depois do 28 de Maio, um golpe contra Óscar Carmona, a chamada revolta dos fifis, onde conta com o apoio do então director da Biblioteca Nacional, Fidelino de Figueiredo, bem como de António Ferro. Acaba por ser recuperado, assumindo as funções de Alto-Comissário em Angola 1929-1930. Mesmo aí tem uma gestão infortunada, quebrando-se deste modo as respectivas pretensões à liderança do regime.

 

 

Campos, Fernando (1891-1958) Autor português da escola integralista. Destaca-se como organizador de um inventário do pensamento contra-evolucionário português.

Bibliografia:

[1924] Os Nossos Mestres ou o Breviário da Contra-Revolução

[1931-1933] O Pensamento Contra-Revolucionário em Portugal no Século XIX

[1941] Páginas Corporativas

 

 

Campos, João Mota de (n. 1927) Jurista e político português, doutoramento de Estado por Estrasburgo e professor catedrático do ISCSP e da Universidade Católica. Foi secretário de Estado da Agricultura e ministro do planeamento nos governos de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Nestas últimas funções, foi o organizador do inaplicado IV Plano de Fomento português. De 1968 a 1973 foi presidente da Comissão de Planeamento da Região Norte. Transforma-se depois de 1974 no principal especialista português em direito comunitário. Adere ao CDS, candidatando-se a deputado por Leiria, sob a presidência de Adriano Moreira.

 

 

Campos, José Moreira de Comandante da marinha. Combate os monárquicos em 1919, sob as ordens de Prestes Salgueiro. Membro do directório democrato-social. Um dos republicanos históricos, tradicional oposicionista ao salazarismo, mas defensor da chamada integridade do património ultramarino. Ligado a Mendes Cabeçadas, pertence ao grupo da Sociedade de Geografia, criticando asperamente o modelo de Adriano Moreira.[1965]A Descobrir. Ponto de Partida, Ponto de EncontroLisboa

 

 

Caraça, Bento de Jesus (1901-1948) Matemático e catedrático do ISCEF. Politicamente próximo do PCP, marca a oposição portuguesa nas décadas de trinta e quarenta. Inspira o projecto de Universidade Popular Portuguesa e lança a Biblioteca Cosmos em 1941. Impulsiona a Liga Portuguesa contra a Guerra e o Fascismo e participa no MUNAF e no MUD. Preso em Setembro de 1946 é um dos professores então dmeitido.

 

 

Cardoso, Carlos Ernesto de Sá  (n. 1902) Engenheiro civil, funcionário da Junta Autónoma das Estradas. Filho de Alfredo Sá Cardoso. Oposicionista ao salazarismo, membro do MUD e apoiante das candidaturas de Norton de Matos e Quintão Meireles.

 

 

Cardoso, Edgar (1913-) Engenheiro, professor no Instituto Superior Técnico desde 1951, é um dos grandes projectistas do Estado Novo, celebrizado pela Ponte da Arrábida no Porto, inaugurada em 1963

 

 

Cardoso, José Pires n. 1904 Licenciado em direito. Professor da Universidade Técnica de Lisboa. Ministro do interior do salazarismo. Administrador da Caixa geral de Depósitos e director do Gabinete de Estudos Corporativos. Administrador da Emissora nacional.

 

 

Carlos, Adelino da Palma   (1905-1992) Professor da Faculdade de Direito de Lisboa. Foi bastonário da Ordem dos Advogados. Maçon e destacado republicano histórico, opositor do Estado Novo. Fundador da Liga da Mociedade Republicana em 1923, juntamente com José Rodrigues Miguéis e Carlos Mayer Garção. Conclui a licenciatura em 1926. Participa na revolta de 3 e 7 de Fevereiro de 1927. Assistente do Instituto de Criminologia de Lisboa em 1930. Doutorado em 1934, com uma dissertação intitulada Os Novos Aspectos do Direito Penal. Ensaio sobre a Organização de um Código de Defesa Social. Concorre a professor em 1935, mas não é admitido por razões políticas. Defensor de vários presos políticos nos anos trinta. Mandatário de Norton de Matos em 1949. Bastonário da Ordem dos Advogados de 1950 a 1956. Contratado para professor da Faculdade de Direito de Lisboa em 1951. Faz os concursos  para professor extraordinário e catedrático em 1957 e 1958. Administrador da Companhia Reunida de Gás e Electricidade de Lisboa desde 1960. Director da Faculdade de Direito de Lisboa de 1965 a 1970. Presidente da Comissão Revisora do Código de Processo Civil em 1972. Procurador à Câmara Corporativa em 1954 e 1973, como representante da Ordem dos Advogados. Primeiro-ministro de 16 de Maio a 11 de Julho de 1974. Na carta de demissão que envia ao Spínola considera: sirvo melhor o meu País, afastando-me do cargo do que permanecendo nele. Refere o predomínio das paixões políticas e das ambições pessoais e diz: estou a lembrar-me a propósito da presente situação, de uma frase de Aristóteles: o homem aperfeiçoado pela sociedade é o melhor dos animais mas é o mais terrível quando vive sem justiça nem leis. Nessa altura recomhecia a existência de um clima de ódio e que a situação no Ultramar era dramática. Primeiro Reitor da Universidade Livre. Presidente das Selecções do Readers Digest de Portugal. Mandatário de Ramalho Eanes. Ver Helena Sanches Osório, Um Só Rosto, uma Só Fé. Conversas com Adelino da Palma Carlos, Lisboa, Referendo, 1988.

 

 

Carlos, Manuel João da Palma (n. 1915). Advogado, célebre pela defesa de réus políticos durante o Estado Novo. Destaca-se como presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa em 1935-1936. Preso em 1936. Conclui a licenciatura em 1939. Politicamente ligado ao PCP. Aoarece no MUD e na candidatura de Norton de Matos, Arlindo Vicente e Humberto Delgado. Depois de 1974, chega a ser embaixador de Portugal na Cuba de Fidel de Castro.

 

 

Carmona, António Óscar de Fragoso (1869-1951) Figura central do processo do 28 de Maio e da Ditadura Nacional dele emergente. Nasce no seio de uma família de militares (o pai e o avô também chegaram a general). Alferes em 1894, Capitão em 1907, Coronel em 1919, General em 1922. Maçon de 1894 a 1906. Ministro da guerra no governo nacionalista de Ginestal Machado, de 15 de Novembro a 17 de Dezembro de 1923, por escolha do Exército. Segundo o depoimento de Cunha Leal, é como ministro que perde a virgindade política, quando, numa sessão da Câmara dos Deputados e perante um discurso exaltadamente oposicionista de José Domingues dos Santos, terá questionado: que fizeram àquele homem para estar tão zangado? Destaca-se como Promotor da Justiça do chamado julgamento da Sala do Risco dos implicados no golpe de 18 de Abril de 1925, proclamando que a Pátria está doente ... quando lá fora andam liberdade os causadores dos males da Pátria, eu vejo aqui oficiais deste valor no banco dos réus. Nesta sequência é demitido em 1 de Outubro seguinte das funções de comandante da Quarta Região Militar. Adere ao movimento do 28 de Maio de 1926, dizendo querer lutar contra a tirania dos partidos. Ministro dos negócios estrangeiros de 3 de Junho a 6 de Julho de 1926. Presidente do ministério e ministro da guerra  de 9 de Julho a 29 de Novembro de 1926, data em que passa a exercer as funções de Presidente da República interinamente. Presidente da República eleito de 1928 e 1951. Nas eleições presidenciais de 25 de Março de 1928, as segundas eleições presidenciais por sufrágio directo, conta com o apoio da União Liberal Republicana de Cunha leal e de parte do Partido Democrático. Depois de Gomes da Costa ter derrubado Mendes Cabeçadas, cabe a Carmona substituir o primeiro, aglutinando em seu torno o modelo de catch all daquilo que se designou a Revolução Nacional. Numa entrevista concedida a António Ferro em 1934, declara apenas ter votado no Plebiscito de 1933, que aprovou a nova Constituição, pelo facto de ter horror ao sufrágio universal, dado lembrar-se das falcatruas e das ciciqueiradas do carneiro com batatas  desde os tempos da monarquia liberal. Apesar de estar proximo da ala maçónica do 28 de Maio apoia a subida e consolidação no poder de Salazar, bem como a transformação da Ditadura Nacional no Estado Novo. A partir de meados dos anos quarenta permite que alguns oposicionistas instrumentalizem o seu eventual distanciamente face a Salazar. Com efeito, Carmona assume-se como uma fundamental reserva de legitimidade da fase inicial do Estado Novo, tanto pela legitimidade revolucionária (era um dos primeiros três lideres militares do Movimento do 28 de Maio), como pelo facto de ter sido, depois de Sidónio Pais, um Presidente da República eleito por sufrágio directo e quase universal, além de ser portador da caução do chefe militar, um perfil de legitimidade pretoriano que constitui uma espécie de sucedâneo da monarquia das ordens.

 

 

Carneiro, Francisco Lumbralles de Sá (1934-1980) Francisco Lumbralles de Sá Carneiro. Natural do Porto. Licenciado em direito por Lisboa. Advogado no Porto. Deputado da União Nacional em 1969. Apresenta requerimento na Assembleia Nacional sobre os presos políticos. Em entrevista ao jornal República, em 16 de Abril de 1971, declara-se social-democrata. Em 26 de Janeiro de 1973, renuncia a deputado e começa a colaborar no semanário Expresso. Fundador do Partido Popular Democrático em 3 de Maio de 1974. Ministro do I Governo Provisório, e o elemeto do governo mais próximo de Palma Carlos. Figura central do processo político português da década de setenta. Marcado pelo modelo do catolicismo político, semeado pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, assume-se como social democrata logo em 1972, quanto muitos viam nele o ponto de partida para o lançamento de um partido democrata-cristão. Desiludido com a experiência de colaboração com o marcelismo, enquanto deputado da ala liberal, transforma-se num dos quatro principais líderes políticos do Portugal revolucionário e pós-revolucionário, distinguindo-se, mais pelo estilo do que pela ideologia, tanto dos centristas de Diogo Freitas do Amaral, apoiado pelos democratas-cristãos e pelos conservadores europeus, como dos socialistas democráticos de inspiração marxista, liderados por Mário Soares e protegidos pela Internacional Socialista. Depois da experiência de dois governos constitucionais do PS, no primeiro monopartidário e no segundo com o apoio e a participação do CDS, Sá Carneiro assume uma jogada de risco, atacando frontalmente o PS e os modelos eanistas.

 

 

Carvalho, Henrique de Miranda Vasconcelos Martins de.  Ministro da saúde e assistência de Salazar de 14 de Agosto de 1958 a 4 de Dezembro de 1962. Político, professor e diplomata português. É o relator do Parecer da Camâra Corporativa sobre o acordo de associação com a CEE, de 1972. Ensina direito internacional no ISCSPU e está ligado ao processo de formação das universidades privadas portuguesas, destacando-se nas Universidades Livre, Lusíada e Internacional. Em 25 de Abril de 1974 era o director do vespertino A Capital, tendo José Júlio Gonçalves como subdirector.

 

 

Carvalho, Joaquim Barradas de (1920-1980) Historiador. Professor na Universidade de São Paulo de 1964 a 1969 e investigador em paris de 1970 a 1976. Doutor pela Sorbonne

 

 

Castanho, José Ribeiro  Ministro do interior de 12 de Julho de 1926 a 25 de Janeiro de 1927.

 

 

Castelhano, Mário 1896-1940 Sindicalista português, líder da CGT. Empregado na CP, demitido em 1920, por ter liderado a greve ferroviária desse ano. Secretário para as relações internacionais da Federação Ferroviária. Nomeado em 1926 para o comité da CGT, é também redactor principal de A Batalha, até Maio de 1927. Preso em Outubro de 1927, é deportado para Angola, sendo transferido em 1930 para a ilha do Pico. Participa na revolta de 1931. Preso em Lisboa em 1934, deportado para Angra do Heroísmo, passa em 1936 ara o Tarrafal onde morre. É seu advogado o escritor Domingos Monteiro. Autor de Quatro Anos de Deportação, Lisboa, Seara Nova, 1975.

 

 

Castro Sampaio Corte Real, Augusto de (1883-1971) Jornalista e diplomata. Licenciado em direito por Coimbra. Deputado durante a I República. Director do Diário de Notícias de 1919 a 1924 e de 1939 a 1971. Como diplomata, chega a representar Portugal em Londres, Roma, Bruxelas e Paris. Um moderado republicano, apoiante do Estado Novo, autor dos principais editoriais do situacionismo. Comissário-geral da Exposição do Mundo Português em 1940. A elegância dos respectivos escritos marcou um certo ensaísmo jornalístico de grande nível. Ficou célebre a respectiva definição de Lisboa como uma cidade feita por subscrição nacional.

 

 

Castro, Armando (n. 1918) Economista, Professor Catedrático da Faculdade de Economia do Porto depois de 1974. Licenciado em Direito por Coimbra (1941), é militante do PCP desde 1938. Candidato pela CDE em 1969. Aplica as categorias marxistas à análise da evolução do Portugal Medieval, dentro do esquema estabelecido por Henrique da Gama Barros. Dedica-se sobretudo à epistemologia, ao conhecer o conhecimento. Autor de: Alguns Aspectos da Agricultura Nacional¸Coimbra, 1945; Introdução ao Estudo da Economia Portuguesa, 1947; A Evolução Económica de Portugal dos Secs. XII a XV, vários volumes, a partir de 1964; Em Defesa do Pensamento Científico, Porto, 1973; Teoria do Conhecimento Científico, 1975.

 

 

Castro, José Maria Ferreira de  n. 1898 José Maria Ferreira de Castro. Escritor português. Ligado aos meios anarco-sindicalistas, começa como colaborador de A Batalha. Emigra para o Brasil em 1911. Regressa em 1919. Autor de A Selva, onde narra a experiência amazónica. Apoia a candidatura de Humberto Delgado e participa ainda no II Congresso Republicano de Aveiro em 1969. Em 1958 considera o regime do Estado Novo como um permanente inimigo da inteligência nacional. Salienta que as ditaduras, por muito que durem, são um regime sem futuro, defendendo um regime de pão e liberdade para todos.

 

 

Castro, José Guilherme de Melo e  (1914-1972) Advogado. Governador civil de Setúbal de 1947 a 1949. Deputado do salazarismo em 1949-1953 Subsecretário de Estado da Assistência Social, de 1954 a 1957. Provedor da Misericórdia de Lisboa de 1957 a 1963, responsável pela introdução do Totobola. Juiz do Tribunal de Contas desde 1965. Em discurso proferido na sessão de encerramento do 40º aniversário da Revolução Nacional em 29 de Dezembro de 1966 fala na necessidade de autêntica vida representativa, sugerindo que Salazar abandone o poder a prazo. Líder da União Nacional com o marcelismo, é o principal rresponsável pelo convite feito aos deputados que integrarão a chamada ala liberal. Tenta promover eleições relativamente livres, para o que chega a contactar com Mário Soares e Ramon la Feria. Promove a transformação da União Nacional em Acção Nacional Popular em 1970.

 

 

Cavalheiro, Rodrigues (n. 1902 António Rodrigues Cavalheiro. Historiador português, divulgador do Integralismo Lusitano e apoiante do salazarismo, depois de abandonar o nacional-sindicalismo. Licenciado em ciências histórico-geográficas. Professor do ensino liceal. Dirigiu os serviços culturais da Câmara Municipal de Lisboa a partir de 1932. Deputado salazarista em 1942. Procurador à Câmara Corporativa a partir de 1961.

·D. Carlos e o Brasil

1957.

·Homens e Ideias

Lisboa, Livraria Sam Carlos, 1960

·Política e História

Lisboa, 1960.

·A Evolução Espiritual de Ramalho

Lisboa, 1962.

·Por que se fez o 28 de Maio

In Sulco, nº 7, Maio-Junho de 1966, pp. 969-1007.

·D. Manuel II e João Franco. Correspondência Inédita

Lisboa, 1967

 

 

Cerejeira, D. Manuel Gonçalves (1888-1977)
Símbolo do acordo entre a Igreja Católica e o Estado Novo, numa época marcada pela dupla de amigos Salazar-Cerejeira. Os dois instalam-se no poder de Lisboa no mesmo ano. Contudo, mantiveram sempre uma certa independência institucional, havendo algumas divergências de fundo, desde o facto do Cardeal rejeitar a dissolução dos escoteiros católicos, visando integrá-los na Mocidade Portuguesa, à sua intenção de institucionalização de uma universidade católica, sempre adiada por Salazar que pretendia restaurar a Faculdade de Teologia. Mais recentemente, veio a saber-se que Cerejeira chegou a pôr a hipótese da constituição de um partido democrata-cristão, sendo, para o efeito, contactado António Alçada Baptista. Professor da Faculdade de Letras de Coimbra. Fundador do CADC. Cardeal Patriarca de Lisboa  (1929-1972). Vida universitária Concluído o seminário em Braga (1909), logo se matricula na então Faculdade de Teologia de Coimbra, sendo ordenado sacerdote em 1911. Depois de formado na nova Faculdade de Letras (1916), torna-se aí professor de História Medieval. Doutora-se em 1918. Militância política católica Militante do CADC e companheiro de Oliveira Salazar, funda e dirige o jornal O Imparcial, em 1912. A partir de 1917, milita no Centro Católico Português. De Coimbra para Lisboa Em Março de 1928 vem para Lisboa como auxiliar do Patriarca D. António Mendes Belo. Nomeado Patriarca em Agosto de 1929, toma posse em 22 de Janeiro de 1930. Cardeal Patriarca de Lisboa Lança a Acção Católica Portuguesa em 1932. Apoia a institucionalização da Rádio Renascença em 1937. É um dos pilares da Concordata e do Acordo Missionário de 1940. Inaugura a Universidade Católica em 1967. Resigna em Maio de 1971. Bibliografia
·O Renascimento em Portugal. Clenardo 1918. Dissertação de doutoramento. ·A Igreja e o Pensamento Contemporâneo 1925. ·A Idade Média 1936. ·Vinte Anos de Coimbra 1943.

 

 

Cértima, António de (n. 1895) Poeta e prosador. Autor de ntónio de Cértima  reedita O Ditador (Lisboa, Rodrigues & Ca., a 1ª ed. é de 1926). No frontespício uma frase de Napoleão  celui qui sauve sa patrie ne viole aucune loi

 

 

César, Ângelo n. 1900 Ângelo César Machado. Poeta, advogado e deputado do salazarismo. Dirigente do Futebol Clube do Porto. Amante da poetisa Florbela Espanca.

 

 

Champlimaud, António Sommer (n. 1918) Capitalista e industrial português. Cabeça de um dos principais grupos económicos portugueses anteriores a 1974. Ligado aos cimentos Tejo, Leiria e Cabo Mondego, à Siderurgia Nacional, ao Banco Pinto & Sotto Mayor e às companhias de seguros Confiança e Mundial Sobrinho de Henrique Sommer, fundador da empresa de cimentos de Leiria, casa com um membro da família do grupo CUF. Assume-se como um dos principais fabricantes de cimento em Portugal, a partir de 1945, expandindo a actividade para África. Funda em 1954 a Siderurgia Nacional, alargando as suas actividades nos anos sessenta às celuloses e ao mundo financeiro, comprando o Banco Pinto / Sotto Maior e as companhias de seguros Mundial e Confiança

 

 

Chissano, Joaquim (n. 1939). Presidente de Moçambique, reeleito em 1999. Militante da FRELIMO. Depois de presidir ao governo de transição, de 20 de Setembro de 1974 a 25 de Junho de 1975, torna-se ministro dos negócios estrangeiros com a independência. Sucede a Samora Machel, como presidente do partido e da república. Assegura a transição para o pluralismo depois de uma longa guerra civil com a RENAMO.

 

 

Cidade, Hernâni António (1887-1975). Professor português. Começa a estudar no Seminário de Évora, passando depois para o Curso Superior de Letras. Professor de liceu em Lisboa e Leiria. Alferes durante a Grande Guerra de 1914-1918, preso em 9 de Abril de 1918. Recebe a Cruz de Guerra, por feitos em combate. Um dos primeiros professores da Faculdade de Letras do Porto em 1919. Colabora em A Águia e alinha no movimento da Renascença Portuguesa. Passa em 1930 para a Faculdade de Letras de Lisboa, sucedendo a Teófilo Braga. Membro do directório da Aliança Republicano-Socialista de 1931 a 1935, ligado ao grupo da Seara Nova, mas sem deixar de cultivar amizades com Fidelino de Figueiredo e o Padre Joaquim Alves Correia. Em 1934 chega a fazer parte dos quadros directivo do Diário Liberal. Estava para ser demitido de professor em 1935, mas Gustavo Cordeiro Ramos, intercedeu junto de Salazar, que evitou o agravo. Director da revista Colóquio. Como professor tinha como lema: primeiro está a aula e depois o capítulo. Da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.

[1929] Ensaio sobre a Crise Mental do Século XVIII, Coimbra, Imprensa da Universidade.

[1929] A Marquesa de Alorna. Sua Vida e Obra com Algumas Cartas Inéditas, Porto, Companhia Portuguesa Editora.

[1933] Lições de Cultura e Literatura Portuguesas, Coimbra, Coimbra Editora.

[1948] A Literatura Autonomista sob os Filipes, Lisboa, Livraria Sá da Costa.

 

 

Cintra, Luís Filipe Lindley Cintra (1925-1991) Professor da Faculdade de Letras de Lisboa desde 1951

 

 

Claro, António José  (1863-1931) Advogado, jornalista e escritor. Implicado no 31 de Janeiro de 1891. Ministro do interior de 18 de Junho a 6 de Julho de 1926.

·O Pelourinho. Crítica da Nossa História Política desde 1817 a 1904, Porto, Figueirinhas, 1904.

 

 

Coelho, Henrique Trindade (1885-1934). Filho de José Trindade Coelho. Ministro dos negócios estrangeiros de 27 de Julho a 16 de Agosto de 1929.

 

 

Coelho, Jacinto Almeida do Prado (1920-1984) Professor da Faculdade de Letras de Lisboa. Licenciado em 1941 e Catedrático desde 1953. Presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1965.  Director da revista da Fundação Calouste Gulbenkian, Colóquio/Letras. Autor de Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa e coordenador de um importante Dicionário da Literatura Portuguesa.

 

 

Coelho, José Dias (1923-1961) Militante do Partido Comunista Português, morto em refrega com a PIDE na rua da Creche em Alcântara em 19 de Dezembro de 1961. Pintor. Autor do livro A Resistência em Portugal. Crónicas, São Paulo, Editora Felman Rego, 1962.

 

 

Coelho, José Gabriel Pinto (n. 1886) Professor da Faculdade de Direito de Lisboa, foi Reitor da Universidade Clássica.

 

 

Coelho, Luís da Câmara Pinto (n. 1912) Licenciado em Direito por Lisboa (1934), onde se doutora. Deputado salazarista em 1945 e 1949. Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa de 1946 a 1952. Assume-se como monárquico. Presidente do conselho de administração do Fundo de Fomento Nacional de 1954 a 1956. Embaixador de Portugal em Madrid de 1961 a 1967.

 

 

Cordes, João José de Sinel de (n1864) Militar. Deputado progressista antes de 1910. Major em 1911. Nomeado pelo sidonismo Chefe de Estado Maior do Corpo Expedicionário Português. General em 1921. Um dos líderes do golpe de Estado de 18 de Abril de 1925, conspirando com Filomeno da Câmara. Chega então a estar preso. Coordena o grupo conspirador do 28 de Maio de 1926. Tem especiais responsabilidade no afastamento sucessivo de Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa do comando do processo. Ministro das finanças de 9 de Julho de 1926 a 18 de Abril de 1928. Criticado fortemente por artigos de Salazar publicados em o Novidades, em Novembro e Dezembro de 1927. Tenta um grande empréstimo junto da Sociedade das Nações e é atacado por Afonso Costa, então em Paris, liderando a Liga de Paris, e por Cunhal Leal, em Lisboa.

 

 

Correia, António Augusto Esteves Mendes (1888-1960) Professor e director do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos. Antrópologo. Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa. Anterior professor das Faculdades de Ciências e de Letras do Porto. Vereador da Câmara do Porto de 1936 a 1942.  Deputado salazarista.

 

 

Correia, António Ferrer n. 1912 Professor de direito comercial em Coimbra. Coabora com Azeredo Perdigão na execução do testamento de Calouste Gulbenkian. Sucede-lhe como presidente da Fundação. Reitor da Universidade de Coimbra de 1976 a 1982.

 

 

Correia, Padre Joaquim Alves Correia (1886-1951) Um dos católicos que adere ao MUD em 1945. Colaborador do jornal O Trabalhador da Acção Católica. Exilado em 1946 depois de ter escrito um artigo no jornal República intitulado O mal e a caramunha. Vive nos Estados Unidos.

 

 

Correia, José Dias de Araújo (n. 1894) Engenheiro e licenciado em ciências por Londres. Ministro do comércio e comunicações em 1928 e deputado da União Nacional. Presidente e relator da Comissão de Contas Públicas. Administrador da Caixa Geral de Depósitos. Um dos introdutores do planeamento em Portugal. Foi também presidente da Comissão Técnica de Cooperação Europeia.

·Portugal Económico e Financeiro, 2 vols.

·Elementos de Planificação Económica

 

 

Cortês, Ulisses Cruz Aguiar (1900-1975) Advogado, chefe de gabinete de Manuel Rodrigues e, depois, director-geral da Justiça e secretário-geral do ministério (1942). Ministro da economia de 1950 a 1958 e das finanças de 1965 a 1968. Alinha com o grupo marcelista nos anos cinquenta e sessenta, sendo considerado um liberal dentro do corporativismo. Lança o I Plano de Fomento (1953-1958). Responsável pelo planeamento da Siderurgia Nacional, lançada em 1954 e inaugurada em 1961. A partir de 1961, administrador da Caixa Geral de Depósitos, chegando a presidente do respectivo Conselho de Administração.

 

 

Cortesão, Armando de Freitas Zuzarte (1891-) Engenheiro agrónomo e historiador. Chefe de repartição de agricultura do Ministério das Colónias e Agente Geral das Colónias. Depois de 1935, passa a residir em Lisboa. Participa nas brigadas internacionais durante a guerra civil de Espanha. Historiador dos Descobrimentos e  Professor da Faculdade de Ciências de Coimbra. Apoia em 1961 a defesa do Ultramar.  Irmão de Jaime Cortesão. Membro fundador da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.

 

 

Costa, Augusto da (1899-1954) Jornalista e propagandista do Estado Novo. Destaca-se também como romancista. Director do jornal A Monarquia, em 1918. Secretário de Salazar em 1933. Colaborador íntimo de Pedro Teotónio Pereira no lançamento do corporativismo. Autor de Portugal Vasto Império

 

 

Costa, Beatriz (1907-1996) Artista de teatro e de cinema, extremamente popular, publica em 1975 o livro de memórias Sem Papas na Língua, a que se segue, em 1977, Quando os Vascos eram Santanas

 

 

Costa, Fernando dos Santos  n. 1899 Subsecretário de Estado da Guerra (de 15 de Maio de 1936 a 6 de Setembro de 1944) de Salazer. Ministro da guerra desde essa data até 2 de Agosto de 1950, quando passa a ministro da defesa nacional, até 14 de Agosto de 1958.  O homem-chave responsável pela integração das Forças Armadas na mecânica do Estado Novo salazarista. Aliás conheceu Salazar ainda no próprio seminário de Viseu. Aparece logo em lugar de destque no I Congresso da União Nacional. Reprime a revolta do movimento da Junta de Salvação Nacional, organizada por Mendes Cabeçadas com o apoio de Carmona em 1947. Lidera o processo de integração na NATO. Na segunda metade da década de cinquenta, o respectivo grupo entra em confronto com o de Marcello Caetano. Apenas ascende a general em 1961, sendo director do Instituto de Altos Estudos Militares de 1964 a 1967. Terá conspirado contra Salazar já depois de 1961, contactando com homens ligados a Delgado e Craveiro Lopes. Alguns dos seus emissários chegam a estabelecer contactos com figuras próximas de Adriano Moreira, visando uma mudança da situação.

 

 

Costa, Francisco Ramos da (1913-1982) Economista. Destaca-se como companheiro de Mário Soares antes e depois de 1974. Começa como militante do PCP, aparecendo nas movimentações da Frente Popular Portuguesa, do MUNAF e do MUD, sendo várias vezes preso. Sai do PCP em 1951 juntamente com Mário Soares, Jorge Borges de Macedo e Fernando Piteira Santos, considerados oportunistas pela então direcção comunista. A partir de então aparece na Resistência Republicana e Socialista, na ASP (Abril de 1964) e na fundação do Partido Socialista (1973). Participa na Frente Patriótica de Libertação Nacional como representante da ASP. Liga-se à Revolta da Sé e ao Golpe de Beja. Exilado em França regressa a Lisboa no mesmo comboio que trouxe Mário Soares em 1974. Desempenha um papel fundamental para o soarismo nas primeiras ligações do grupo com a Internacional Socialista.

 

 

Costa, Manuel de Oliveira Gomes da (1863-1929) Comandante do Corpo Expedicionário Português. Ligado ao partido radical. Chefe do movimento do 28 de Maio. Ministro (desde 1 de Junho) e presidente do ministério (de 17 de Junho a 9 de Julho) em 1926. Exilado nos Açores, depois da ascensão ao poder de Carmona. Gomes da Costa, um bravo militar, mas um volúvel político, apresentou ao conselho de ministros de 14 e 16 de Junho um programa intitulado Estatuto Político da Revolução Nacional contra aquilo que era qualificado como individualismo e representação partidária. O programa, que terá sido redigido por Rolão Preto, pretendeu a dignificação e a nacionalização da República, enumerando uma série de reformas constitucionais superadoras do demoliberalismo: exclusão do sufrágio individualista e consequente representação partidária, com duas câmaras, a dos municípios e a das corporações.

 

 

Costa, Mário Júlio de Almeida n. 1927Catedrático de direito em Coimbra. Ministro da justiça do salazarismo e do marcelismo, sucedendo a Antunes Varela. Historiador do direito, autor de Origens da Enfiteuse no Direito Português, 1957, dissertação de doutoramento, e de As Raízes do Censo Consignativo, 1961.

 

 

Costa, Neves da Oficial do exército. Engenheiro de minas. Adere ao nacional-sindicalismo.

·Para Além da Ditadura. Nacional Sindicalismo. I Soluções Corporativas

Lisboa, 1933.

·Carta Aberta ao Exº Senhor Doutor António de Oliveira Salazar

Lisboa, 1935.

 

 

Couceiro, Henrique Mitchell de Paiva (1861-1944) Africanista, acompanhou António Enes na campanha de África em Moçambique. Apoiante de João Franco. Governador de Angola de Junho de 1907 a Junho de 1909. Pacificador do Cuamato e dos Dembos. Um dos raros defensores militares da monarquia no dia 5 de Outubro de 1910. Organizador de incursões monárquicas depois de instaurada a república, ficou conhecido como o paladino. Exilado pelo salazarismo logo em 1937, depois de criticar publicamente a política colonial. É nas Canárias que escreve a sua Profissão de Fé. Lusitânia Transformada, apenas editado em 1944. Sempre se manteve como um liberal monárquico, distinguindo-se dos integralistas e, coerentemente, distanciou-se do autoritarismo e da respectiva política colonial. Nesta matéria, está muito próximo das posições de Norton de Matos que em 1948 escreveu Angola. Ensaio sobre a Vida e Acção de Paiva Couceiro em Angola.

Em 22 de Outubro de 1937, numa carta dirigida a Salazar, faz uma violenta crítica ao regime: Cantam-se loas às glórias governativas e ninguém pode dizer o contrário. O Portugal legítimo do "senão, não" foi substituído por um Portugal artificial, espécie de títere, de que o Governo puxa os cordelinhos. Vela a Polícia e o lápis da censura. Incapacitados uns por esse regime de proibições, entretidos outros com a digestão que não lhes deixa atender ao que se passa, e jaz a Pátria portuguesa em estado de catalepsia colectiva. Está em perigo a integridade nacional. É isto que venho lembrar... Critica virulentamente a política colonia, considerando que o desenvolvimento de Angola é objectivo nacional, falando nesta como um país a fazer.

·Autor de dois importantes estudos coloniais: Angola. Estudo Administrativo. 1898, publicado em 1899;

·Dos seus escritos de combate político, ressalta A Democracia Nacional, edição do autor, Coimbra, 1917, onde mantém íntegra a perspectiva liberal e representativa, sem cedência aos princípios propagandísticos do Integralismo.

Carta Aberta aos Meus Amigos e Companheiros, 1924.

Subsídios para a Obra de Ressurgimento Nacional, 1927.

·Angola. Dois Anos de Governo, Lisboa, Gama, 1948, com prefácio de Norton de Matos

 

 

4 Braga, Luís de Almeida, «Honra e glória de Paiva Couceiro», in Espada ao Sol, Biblioteca do Pensamento Político, 1969, pp. 71 ss..

 

 

Cruz, Guilherme Braga da (n. 1916). Professor de História do Direito em Coimbra. Reitor da Universidade. Licenciado em 1937. Doutor em 1941. Professor catedrático desde 1948.  Director da Faculdade de Direito de Coimbra de 1958 a 1961. Procurador À Câmara Corporativa de 1953 a 1962.  Vogal da Junta Nacional de Educação. Membro da Comissão Redactora do Código Civil.

·O Direito de Troncalidade e o Regime Jurídico do Património Familiar, Braga, 1941-1947, dois tomos (dissertação de doutoramento).

Paris, Librairie Plon, 1972.

Formação Histórica do Moderno Direito Privado Português e Brasileiro

Braga, 1955

A Revista de Legislação e Jurisprudência. Esboço da sua História

Coimbra, Coimbra Editora, 2 vols., 1975

 

 

Cunha, Joaquim da Luz. Ministro do exército de 1962 a 1968.

 

 

Cunha, Joaquim Moreira da Silva Professor na Faculdade de Direito e no ISCSP. Em Maio de 1953, doutora-se na Faculdade de Direito. Ministro do Ultramar de 1965 a 1973. Último ministro da defesa do regime da Constituição de 1933.

·O Sistema Português de Política Indígena. Subsídios para o seu Estudo

1953. Dissertação de doutoramento apresentada na Faculdade de Direito de Lisboa.

·Direito Internacional Público I. Introdução e Fontes

Lisboa, Livraria Ática, 1957 [4ª ed., Coimbra, Livraria Almedina, 1987].

·História Breve das Ideias Políticas. Das Origens à Revolução Francesa

[1ª ed., 1962], Porto, Lello & Irmão, 1981 [História das Teorias Políticas e Sociais (sumários desenvolvidos), Lisboa, ISCSPU, 1961-1962; ou História das Teorias Políticas e Sociais (apontamentos policopiados), Lisboa, Associação Académica do ISCSPU, 1962]. 

·A Ideia de Europa. Raízes Históricas. Evolução. Concretização Actual. Portugal e a Europa

Barcelos, 1982.

·«Formação e Evolução do Direito Internacional. Os Ventos da Mudança»

Oração de sapiência proferida no ISCSP, separata de Nação e Defesa, n. º 53, Jan. /Mar., Lisboa, Instituto de Defesa Nacional, 1990.

·Direito Internacional Público. Relações Internacionais. Aspectos Fundamentais do seu Regime Jurídico

 Lisboa, ISCSP-IRI, 1990.

 

 

Cunha, Paulo Arsénio Viríssimo n. 1908 Professor de direito. Ministro dos negócios estrangeiros de 1950 a 1958. Reitor da Universidade de Lisboa.

 

 

Cunhal, Álvaro Barreirinhas  n. 1913 Licenciado em direito. Membro do Partido Comunista desde os 17 anos.  Integra então a Liga dos Amigos da URSS e o Socorro Vermelho Internacional.  Em 1934 é eleito como representante dos estudantes de Lisboa no Senado Universitário. Em 1935 é secretário-geral da Federação das Juventudes Comunistas. Depois de visitar a URSS passa, a partir de 1936, a fazer parte do comité central do partido. Preso em 1937 e libertado no ano seguinte. Volta a ser preso em 1940 e libertado logo a seguir. No Outono de 1942 já faz parte do secretariado do comité central. Preso de 1949 a 3 de Janeiro de 1960, quando consegue evadir-se da cadeia de Peniche. Volta ao secretariado do comité central a partir de Fevereiro de 1960. Eleito secretário-geral em Março de 1961. A partir de 1962 passa a viver em Moscovo.  e 1950-1960. Secretário-geral do PCP. Membro do I governo provisório de 1974.

Discursos Políticos

Lisboa, Editorial Avante, I, 1974; II, 1975; III, 1975; IV, 1975.

 

 

 Curto, Amílcar da Silva Ramada (1886-1961) Advogado. Dramaturgo. Propagandista republicano. Ministro das finanças do governo de Domingos Pereira, de 30 de Março a 30 de Junho de 1919. Ministro do trabalho de 21 de Janeiro a 8 de Março de 1920, no governo de Domingos Pereira. Deputado. Eleito em 1922 pelos democráticos, passa para o Partido Socialista. Colabora, nos primeiros tempos do regime, com o salazarismo, concordando com a auto-dissolução do PS e elaborando um projecto de Carta do Trabalho. Conhecido pela frequência das tertúlias político-literárias de Lisboa, fica célebre pelos seus ditos. Num deles, proclama que a verdadeira vocação do português é socializar os prejuízos e individualizar os lucros.

 

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